Modelo teórico de René Kaës na contextualização dos sintomas depressivos na latência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Orlandi, Maria Aparecida Bernardes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15722
Resumo: O objetivo deste trabalho foi: contextualizar o modelo teórico de René Kaës como método prospectivo dos sintomas depressivos no período da latência (6 a 12 anos). Para isto, foi montado um grupo de pesquisa com cinco crianças, dois meninos e duas meninas, com score para sintomatologia depressiva, cuja psicoterapia de grupo de abordagem psicanalítica foi empreendida em uma escola estadual em São Paulo. O método "Análise do Grupo como um Sonh" de René Kaës serviu como parâmetro de análise das associações psíquicas ocorridas no grupo durante 17 sessões que, analisadas e interpretadas a partir dos desenhos, expressão corporal e verbal das crianças, produziram um corpus de conhecimento dos conceitos e modelos da teoria de René Kaës, gerando um modelo metodológico de trabalho com as especificidades deste grupo de crianças. A análise do material gráfico, produzido no grupo, ressaltou a função do desenho como centralizador do processo de livre associação e dissociação do seu material psíquico. As crianças, que chegaram ao grupo, paralisadas por fantasias e defesas persecutórias, puderam trabalhar seus medos sessão a sessão, balizadas pelo espaço psíquico grupal através de movimentos transferenciais e regressivos que, transpareciam nos seus desenhos quando analisados pelo parâmetro do modelo do sonho relatado no grupo, permitindo ao grupanalista localizar as fases de desenvolvimento psíquico do grupo e, de seus sujeitos. Foi possível constatar que as crianças apresentavam alguns sintomas referentes à problemática do complexo familiar, como a fantasia do abandono, fantasia da imagem do corpo, defesas superegoicas e baixa auto-estima. O desenho demonstrou ser: um espaço interessante como objeto transicional para desmobilizar algumas experiências fantasísticas das crianças relacionadas ao espaço-corpo; possibilitou o resgate de alguns dados indiciais sobre os conflitos mais emergenciais das crianças como o conflito da castração, fantasia da separação e a problemática da individuação. A inclusão do outro, no inter jogo da narrativa-relato do desenho no grupo, tornou-se um modo de experimentação analógica da socialização para as crianças que apresentavam um sofrimento emocional no confronto com o mundo externo, tanto espacial quanto humano, pois, foi a partir desta relação estabelecida entre os membros do grupo e, no espaço da matriz grupal, que as crianças passaram a interagir com o espaço mais amplo do setting, explorando outras formas de expressão. Essas formações inconscientes ocorridas no grupo puderam ser acompanhadas através do conceito dos organizadores psíquicos da teoria de Kaës, o que nos permitiu conduzir uma estratégia clínica consoante com o desenvolvimento psíquico que o próprio grupo nos apontava. Concluímos, por fim, que este trabalho ampliou o campo de aplicação teórica de modelos e conceitos de uma teoria que abre perspectivas para que outros grupanalistas viabilizem trabalhos com os critérios da teoria de grupos sem, contudo, afastar-se da fundamentação psicanalítica, tão necessária para subsidiar as especificidades da faixa etária dos 6 aos 12 anos que compreende o período da latência.