Relação do cortisol central e periférico com a neuropatologia de pacientes do continuum da Doença de Alzheimer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Souza, Laura Willers de
Orientador(a): Zimmer, Eduardo Rigon
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/254654
Resumo: Níveis aumentados de cortisol são associados as principais características neuropatológicas da doença de Alzheimer (DA), como o acúmulo da proteína beta-amiloide (Aβ), hiperfosforilação da proteína tau e atrofia de regiões tipicamente atingidas na DA. Interessantemente, a atrofia dessas regiões parece ser o ponto desencadeador da hipercortisolemia, e por isso, pode ser a conexão entre essa condição e a DA. No entanto, com exceção do hipocampo, a atrofia cerebral relacionada a hipercortisolemia foi pouquíssimo explorada em pacientes do continuum da DA. Dessa forma, o objetivo desta dissertação foi investigar a associação entre níveis de cortisol central e periférico com a espessura cortical cerebral de pacientes do continuum biológico e clínico da DA. Para isso, pacientes que possuíam os dados das concentrações de cortisol plasmático ou do líquido cefalorraquidiano (LCR), imagens de ressonância magnética (RM) cerebral e concentração de Aβ42 e p-tau181 no LCR, na primeira coleta, foram selecionados do banco de dados do Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative (ADNI). Os pacientes foram divididos de acordo com: o diagnóstico clínico, nos grupos CN (participantes cognitivamente normais) e CP (participantes cognitivamente prejudicados, diagnosticados com comprometimento cognitivo leve ou DA); diagnóstico biológico em A-T- (concentrações no LCR de Aβ42 ≥976,6pg/ml e p-tau181 <24pg/ml) e A+T+ (concentrações no LCR de Aβ42 <976,6pg/ml e p-tau181 ≥24pg/ml). As imagens de RM cerebral foram processadas através do protocolo de parcelação e segmentação volumétrica do software FreeSurfer (versão 7.1.1) para a obtenção de mapas estatísticos da espessura cortical cerebral. Foram realizadas análises vertex-wise dos mapas de espessura cortical através de três modelos lineares gerais: (1) cortisol como variável independente, sem divisão de grupo; (2) cortisol, diagnóstico e interação, dividido em CN e CP; (3) cortisol, patologia e interação, dividido em A-T- e A+T+. Essas análises foram corrigidas para múltiplas comparações através da formação de clusters (p<0,01) e permutação (simulação de Monte Carlo de 10.000 iterações). A amostra de cortisol do LCR foi composta por 300 pacientes com média de cortisol de 8,42ng/ml. Os grupos CN (n=89) e CP (n=211) não diferiram quanto aos níveis de cortisol (p=0,138), enquanto os grupos A-T- (n=62) e A+T+ (n=148), diferiram (p=0,0338), com o segundo grupo apresentando maiores concentrações (16,2ng/ml). Já a amostra de cortisol plasmático foi composta por 544 pacientes com média de cortisol de 2,11ng/ml. E nesse caso, tanto os grupos CN (n=54) e CP (n=490), quanto os grupos A-T- (n=76) e A+T+ (n=167), não diferiram quanto aos níveis de cortisol (p=0,647; p=0,846). Interessantemente, nas duas amostras, as interações entre cortisol e classificação clínica e neuropatologia da DA se mostraram não significativas. Porém, foi verificada uma correlação negativa entre as concentrações de cortisol dos dois compartimentos com a espessura cortical de diversas regiões cerebrais, tipicamente afetadas pela DA. A partir disso, propõe-se um mecanismo de vulnerabilidade dos altos níveis de cortisol em regiões afetadas pela DA, podendo acelerar a progressão da doença.