Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Figueiredo, Carla Regina de Souza |
Orientador(a): |
Altenhofen, Cleo Vilson |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/114436
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Resumo: |
No Brasil, como no resto do mundo, o estudo de variedades diatópicas da língua tradicionalmente se pautou em pesquisas topostáticas, em que se privilegiou a fala de indivíduos nascidos e criados na localidade, portanto falantes de uma variedade mais conservadora e reveladora de um estágio “anterior, original” da língua. A combinação de critérios como o processo de povoamento, a antiguidade e o grau de isolamento de um lugar em relação a outros mais dinâmicos para determinar os pontos de observação de estudos desta natureza, tornou-se assim uma prática dominante. Contrariamente, o estudo de comunidades “jovens”, de formação recente, moldadas pelo fluxo migratório da população e, deste modo, locus de contatos linguísticos variados (entre línguas distintas e/ou entre variedades de uma mesma língua), parecem ter sido ignoradas pela pesquisa, durante muito tempo. O norte do Mato Grosso, onde se desenvolve esta tese, é um exemplo dessa tendência da pesquisa, daí a escolha do tema, a Topodinâmica da variação do português gaúcho em áreas de contato intervarietal no Mato Grosso, buscar preencher essa lacuna. São objetivos deste estudo 1) descrever o comportamento linguístico de migrantes gaúchos e de seus descendentes em contato com outras variedades regionais da língua portuguesa, a fim de 2) averiguar em que medida as relações sócio-econômico-culturais implicaram a manutenção, variação ou mudança de marcas linguísticas da variedade do português rio-grandense desses migrantes. Para tanto, correlacionaram-se diferentes dimensões de análise, em especial as dimensões diatópica, diageracional, diastrática, diassexual, diafásica, diarreferencial e contatual. O estudo desenvolveu-se em três localidades de pesquisa caracterizadas fundamentalmente pela topodinâmica da língua e dos falantes: Porto dos Gaúchos (MT01), Sinop (MT02) e Sorriso (MT03). Estes pontos configuram-se em uma extensão do processo histórico de ocupação do Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná, como atestam Schaefer (1985) e Souza (2008). Criados entre as décadas de 1950 e 1980, esses lugares foram colonizados a partir da implementação de Empresas Privadas responsáveis por estabelecer núcleos urbanos com condições básicas que assegurassem tanto o desenvolvimento econômico do “Novo Eldorado” quanto a acolhida dos migrantes provenientes, sobretudo, da região Sul do Brasil. Em certo sentido, o perfil sócio-cultural dos colonos migrantes dessa área coincidiu com o dos informantes do Atlas Linguístico-Etnográfico da Região Sul do Brasil (ALERS). Pode-se, por isso, hipotetizar que a fala registrada pelo ALERS se aproxima da fala dos migrantes sulistas pioneiros estabelecidos nesses pontos. Sendo assim, os dados do ALERS constituem uma base de comparação importante da topodinâmica do português falado na matriz de origem e na área de chegada, no norte do Mato Grosso. Na elaboração do questionário aplicado na pesquisa de campo desta tese foram utilizadas, em grande parte, perguntas feitas pelo ALERS. A seleção de informantes considerou as dimensões diassexual (masculino vs. feminino), diastrática (Ca - alfabetizados com até o ensino médio completo vs. Cb - com nível superior) e diageracional (GI - jovens de 18 a 36 anos vs. GII - idosos acima de 50 anos). Já a constituição do corpus, um conjunto de variáveis linguísticas em diferentes níveis (fonético-fonológicos, semântico-lexicais e morfossintáticos) correlacionadas com dimensões extralinguísticas (dados sociológicos referentes aos informantes e às localidades) e a análise se pautou em princípios teórico-metodológicos da geolinguística pluridimensional e contatual e de outras disciplinas afins, como a sociologia da linguagem. A apreciação dos dados aponta diferentes fatores para a manutenção da variedade linguística inventariada no Sul do Brasil, tais como: o papel socioeconômico dos sulistas na região norte mato-grossense, a transmissão entre gerações dessa variedade, os recursos midiáticos e a gênese da criação histórica de cada localidade pesquisada. A covariação entre as formas [+RS] e as [-RS] são mais evidentes no nível lexical, enquanto os casos de mudança se manifestam, sobretudo, na fala dos informantes jovens no nível fonético. |