Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Schneider, Maiko Abel |
Orientador(a): |
Lobato, Maria Inês Rodrigues |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/188947
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Resumo: |
A disforia de gênero (DG) cursa com marcada incongruência entre o sexo atribuído ao nascimento e a identidade de gênero expressa, podendo ocorrer desde a infância até a vida adulta (DSM-5-APA 2013). O tratamento clínico compreende terapia hormonal cruzada (THSC) e cirurgia de afirmação sexual (CAS) para adultos e supressão da puberdade para crianças, com o propósito de reduzir o sofrimento psíquico. Em crianças, o tratamento consiste na administração de análogo parcial de liberação de gonadotrofina (GnRHa) nos estágios iniciais de desenvolvimento sexual (Tanner 1–2), a fim de evitar a aquisição de caracteres sexuais secundários que geram sofrimento à pessoa com DG. É um tratamento considerado reversível. No Brasil, a indicação é manter o uso de GnRHa até os 16 anos, quando apenas então é indicado o tratamento hormonal cruzado. Em adultos e adolescentes, a THSC (>16 anos) e a CAS (>21 anos) são complementares. O procedimento cirúrgico consiste em reconstrução genital e gonadectomia. A partir desse momento, um estado de hipogonadismo é instaurado caso seja interrompida a terapia hormonal cruzada. Este estudo propõe-se a avaliar (1) o impacto da supressão gonadal sobre a cognição e o desenvolvimento cerebral em uma criança com DG (homem para mulher) e (2) os efeitos neuroplásticos da THSC em mulheres transexuais após CAS. No primeiro caso, antes da supressão gonadal, foram realizadas ressonância nuclear magnética (RNM), avaliação cognitiva e testagem neuropsicológica. A RNM e avaliação cognitiva foram repetidas 22 e 28 meses após o início do GnRHa. Em mulheres transexuais pós-CAS, o protocolo de pesquisa incluiu RNM (estrutural e funcional), dosagens laboratoriais e testagens cognitivas 30 dias após a suspensão da THSC e, então, 60 dias após introdução de THSC com estradiol (E 2 ). Durante o bloqueio puberal, o estudo constatou declínio do coeficiente intelectual total às custas de uma queda de 9 pontos do subitem memória operacional (IMO). Paralelamente, a fração de anisotropia (FA) do corpo caloso, fascículo hipocampal e cingulado permaneceu inalterada. Nas mulheres transexuais, a THSC correlacionou-se com mudanças na conectividade funcional durante resting state (rs-FC) e com variações da espessura cortical (EC). A THSC promoveu aumento da rs-FC entre tálamo esquerdo e córtex sensório-motor (CSM) direito e esquerdo (respectivamente, p=0.0027 e p=00196); variações de E 2 foram preditoras de mudanças na conectividade entre: (1) núcleo caudado direito e CSM-esquerdo (βΔE 2 =0.13, pFDR=0.0066); núcleo caudado direito e CSM-direito (βΔE 2 =0.12, p-FDR=0.0066); (2) tálamo esquerdo e CSM-esquerdo (βΔE 2 =0.13, p-FDR=0.0094); tálamos esquerdo e CSM-direito (βΔE 2 =0.09, p-FDR=0.0320). A pesquisa demonstrou correlação inversa entre variações de estradiol sérico e EC no: (1) giro temporal médio esquerdo (βΔE 2 =-0.7035; p-β-ajustado=0.0023; p-modelo-ajustado=0.0091); (2) giro frontal superior esquerdo (βΔE 2 =-0.6827; p-β-ajustado=0.0049; p-modelo-ajustado=0.0248); (3) precuneus direito (βΔE 2 =-0.7335; p-β-ajustado=0.0028; p-modelo-ajustado=0.0216); (4) giro temporal superior direito (βΔE 2 =-0.7045; p-β-ajustado=0.0029; p-modelo-ajustado=0.0235); (5) parsopercularis direito (βΔE 2 =-0.7327; p-β-ajustado=0.0013; p-modelo-ajustado=0.0055). No mesmo experimento, as variações do volume do hipocampo esquerdo entre E 2 -CSHT associaram-se a mudanças do IMO (βΔ OMI =0.60; p-βΔ OMI =0.005; p-modelo=0.0082). Portanto, em ambos os experimentos, a terapia hormonal colaborou com mudanças na arquitetura e/ou conectividade cerebral, associando-se parcial ou indiretamente ao desfecho cognitivo. |