Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Campos, Michele Laffayett de |
Orientador(a): |
Dal Soglio, Fabio Kessler |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/221642
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Resumo: |
Este estudo trata da conservação de sementes crioulas no âmbito da Agroecologia. Foi através de um olhar mais atento ao protagonismo e a agência social dos agricultores familiares que buscam outras formas de produção, que chegamos à experiência dos guardiões de Sementes da Paixão. Essa experiência de resgate e conservação de sementes crioulas acontece no semiárido paraibano. Nesta região, esses agricultores familiares estão a produzir alimentos a partir de sementes adaptadas às condições ecológicas do semiárido. Muitas dessas sementes foram resgatadas e fazem parte de um trabalho que começou nos anos de 1970 e que atualmente seguem algumas diretrizes e principíos da Agroecologia. A pesquisa foi desenvolvida com guardiões de Sementes da Paixão, na área de abrangência do Polo Sindical e das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema, localizado na mesorregião do Agreste paraibano. O objetivo deste estudo foi compreender como emerge e se materializa o resgate e a conservação das Sementes da Paixão, evidenciando as representações e práticas sociais envolvidas. Discutimos como se dá a construção política e identitária dos guardiões no âmbito da Agroecologia. Para tanto, escolhemos trabalhar com a metodologia qualitativa. A principal ferramenta de coleta de dados foi a Snowball para se chegar até os participantes da pesquisa. Durante o campo realizamos entrevistas com auxílio de questionário semiestruturado e fizemos uso de observação participante, anotações de conversas informais em cadernos de campo e fotografias. Na experiência das Sementes da Paixão, a identidade de guardião de sementes crioulas vem sendo construída através de processos de mediação social e, nesse processo algumas práticas sociais e tradições rurais estão sendo resgatadas, porém ressignificadas com base na Agroecologia. Nos debruçamos sobre essa construção identitária e constatamos que os guardiões se posicionam adotando discursos, identidades e práticas que muitas vezes são embasadas em pares de oposição que são socialmente construídas. O principal par de oposição em jogo no caso dos guardiões de Sementes da Paixão é o de tradição versus moderno. Notamos que nesse grupo há um esforço discursivo em separar as práticas agrícolas dos guardiões das práticas de outros grupos de agricultores, utilizando para isso adjetivos que qualificam seus trabalhos e seus esforços de conservação da agrobiodiversidade em base agroecológica. Como fruto desse esforço, está a idealização do termo identitário de guardião de Semente da Paixão. No entanto identificamos que tais posicionamentos dos guardiões notabilizam a formação não de polos opostos, como muitos estudos enfatizam, mas de sentidos opostos na agricultura. Esses sentidos opostos se referem à evolução das práticas dos agricultores, ou seja, às visões e concepções diferentes de prioridades e de soluções de problemas na agricultura, não necessariamente, à manutenção do par de oposição tradição versus moderno. Se embasam nos pares de oposição para enfatizar e enaltecer suas práticas mais afeitas à sustentabilidade na agricultura. Nesse caso a tradição não diz respeito apenas às práticas que são transgeracionais, ou seja, passadas de geração em geração como se supõe. Mas ao resgate de tradição ou invenção de tradição, que poder ser entendida como um mecanismo de resgate de antigas formas de se fazer agricultura sem uso de insumos químicos e manejos altamente mecanizados. Essas visões podem ser analisadas como sendo socialmente referenciadas e fruto de oportunidades preexistentes pois, são irradiadas em sua maioria, das ONGs que trabalham com mediação social no âmbito da agroecologia. Com a identidade em voga, esse grupo de agricultores se posicionam no espaço social de conservação de sementes crioulas e, estabelecem parcerias, criam redes, fortalecem as relações sociais e avançam conquistando espaço, reconhecimento e políticas públicas. É notável o engajamento e protagonismo feminino na conservação de Sementes da Paixão. Assim como é possível diagnosticar o encaminhamento futuro das ações de conservação via juventude que cada vez mais se apropria desse espaço social em favor de suas legitimidades. |