Comunicação organizacional e trabalho: o discurso das revistas Você S/A e Você RH na instituição de sentidos de gestão de si no trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Cássia Aparecida Lopes da
Orientador(a): Baldissera, Rudimar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/213068
Resumo: Interessados no tema da conformação do trabalho nos modos flexíveis de produção, procuramos compreender a noção de trabalhador gestor de si (DARDOT; LAVAL, 2017; HAN; 2014), tendo como pano de fundo a ideologia gerencialista de Gaulejac (2007) e, como objetivo geral, explicitar como veículos de comunicação voltados ao público corporativo (especialmente as revistas Você S/A e Você RH) promovem noções sobre o/a trabalhador/a ideal na contemporaneidade e disseminam como verdade modelar a concepção de gestão de si no trabalho. Para isso, partimos das noções de cultura organizacional de Schein (2009) e Fleury (2013); comunicação organizacional de Baldissera (2004; 2014b; 2014c) e elegemos como objeto empírico onze matérias das revistas Você S/A e Você RH, entendendo que seus conteúdos podem circular de diversas formas e em diversas direções nos ambientes de trabalho, sendo constitutivos do discurso organizacional sobre o trabalhador idealizado na atualidade. Como fundamentação para a discussão, realizamos um breve resgate sobre a noção de trabalho produtivo (MARX, 2016; DAL ROSSO, 2008); sobre as principais transformações do mundo do trabalho, com base em Weber (2013), Antunes (2018; 2011; 2009), De Decca (1983) e Gounet (1999), entre outros; e sobre possibilidades de precarização do trabalho na atualidade (ANTUNES, 2018; 2009; HOLZMANN, 2015; 2011; DAL ROSSO, 2017). Desse modo, procuramos circunscrever a gestão de si no trabalho, levando em conta a necessidade cada vez maior de que as pessoas invistam sua subjetividade nas atividades produtivas (GAULEJAC, 2007), o que tende a ser utilizado pelo capital, por meio do exercício de psicopoder (HAN, 2017; 2014) que coopta trabalhadores/as de corpos dóceis (FOUCAULT, 1987) e de mentes dóceis. Para alcançarmos nosso objetivo, realizamos uma pesquisa qualitativa sobre as matérias selecionadas, tendo como lente a Teoria Social do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001), e como metodologias a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011) e os procedimentos de Análise Crítica do Discurso, com base em Fairclough (2001). Entre os principais resultados, encontramos marcas textuais e argumentos que conformam características do trabalhador idealizado na atualidade sob a forma das seguintes capacidades: relacionais; de desenvolvimento; cognitivas; de desempenho; de flexibilidade e adaptação; de autonomia e protagonismo; e a capacidade de insensibilidade. Também identificamos as seguintes estratégias comunicacionais que legitimam a gestão de si no trabalho: idealização do perfil do trabalhador gestor de si; silenciamento do trabalhador; imprecisão das recomendações; exaltação aos ambientes organizacionais democráticos e ‘descolados’; disseminação do desejo de ser gestor; romantização do desemprego e da atuação como autônomo; e associações entre trabalho e dinheiro. Nesse sentido, a pesquisa nos levou a compreender que a comunicação empreendida por organizações e por publicações de mídia identificadas com setores produtivos considerados de excelência, não apenas disseminam padrões idealizados de trabalho que legitimam o trabalhador gestor de si como, também, tendem a atuar na constituição de precariedades que assolam o mundo do trabalho na atualidade.