Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Gomes, Julia do Amaral |
Orientador(a): |
Vianna, Fernanda Sales Luiz |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/163710
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Resumo: |
A talidomida é um fármaco que foi sintetizado pela primeira vez em 1954. Poucos anos após sua síntese já era amplamente utilizada para uma série de indicações. No início da década de 1960, a alta incidência de bebês nascidos com defeitos de redução de membros foi correlacionada com o uso de talidomida por mulheres grávidas. Em torno de 20-50% dos embriões expostos à talidomida foram afetados e desenvolveram as malformações características da embriopatia por talidomida (TE). Atualmente sabe-se que o background genético dos indivíduos tem um papel importante nessa suscetibilidade, entretanto, os fatores associados à maior suscetibilidade e aqueles relacionados a diferentes fenótipos dentro da TE não são totalmente conhecidos. Algumas síndromes genéticas têm fenótipos muito semelhantes aos visualizados na TE, sendo a TE considerada uma fenocópia destas síndromes. As principais são: Síndrome de Roberts, Síndrome de Duane de raio radial – também chamada Síndrome de Okihiro –, e Síndrome de Holt-Oram, causadas por mutações nos genes ESCO2, SALL4 e TBX5, respectivamente. A análise das bases moleculares e patogênese de síndromes genéticas de fenótipo similar a embriopatias causadas por fármacos (fenocópias) tem ajudado na compreensão de alguns mecanismos teratogênicos. O objetivo desse trabalho foi investigar a contribuição dos três genes acima citados na suscetibilidade à TE e seu papel nas diferentes anomalias congênitas e doenças observadas nos indivíduos afetados. Os éxons e regiões flanqueadoras (UTRs e cerca de 50 pb dos íntrons adjacentes) desses três genes foram sequenciados em 29 indivíduos afetados pela TE e as variantes encontradas foram avaliadas através de preditores funcionais in silico. Quarenta e uma variantes foram identificadas, 11 (27%) no gene ESCO2, 14 (34%) no gene SALL4 e 16 (39%) no gene TBX5. Inserções e deleções estavam presentes apenas no gene ESCO2. Duas das variantes identificadas, uma em ESCO2 e uma em TBX5, não estavam descritas previamente em bancos de dados genômicos. Doze (29%) eram variantes genéticas raras (<0,01). As frequências alélicas e genotípicas das variantes foram determinadas na nossa amostra e comparadas com dados da população européia do Projeto 1000 Genomas. Não foram identificados alelos ou genótipos que conferissem risco ou proteção para a TE. As frequências foram significativamente diferentes entre os dois grupos apenas para uma variante 3'UTR (rs62498042) do gene ESCO2 (p<0,001), entretanto, não há relatos na literatura do papel funcional dessa variante ou de sua associação com aumento da susceptibilidade para alguma doença. A análise in silico que realizamos sugeriu possível alteração de splicing devido à presença dessa variante. Algumas variantes aqui identificadas foram previamente avaliadas em doenças cardiovasculares e malformações cardíacas. Nós comparamos a frequência dessas variantes em indivíduos com TE que apresentavam alguma anomalia cardíaca ou doença cardiovascular e aqueles que não apresentavam tais condições; entretanto, não houve associação entre a presença das variantes e risco aumentado para alguma anomalia cardíaca ou doença cardiovascular. Análises in silico foram realizadas a fim de avaliar o potencial de todas as variantes encontradas para alterações funcionais nas proteínas, alterações no splicing e em sítios de ligação de fatores de transcrição e miRNAs. Muitas variantes foram consideradas como tendo tal potencial, especialmente de afetar o splicing, entretanto, não foi possível estabelecer o papel dessas variantes no decaimento do mRNA desses genes, na formação de isoformas alternativas ou ainda na diminuição da expressão dos genes. Alguns resultados devem ser melhor explorados através de ensaios funcionais para determinar o papel das variantes na atividade das proteínas, no mecanismo molecular de desenvolvimento de anomalias congênitas e na teratogênese da talidomida. |