Características da fala no parkinsonismo neurodegenerativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Bressanelli, Amanda Lara
Orientador(a): Olchik, Maira Rozenfeld
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/271264
Resumo: Base Teórica: Dentre as causas primárias do parkinsonismo neurodegenerativo, estão doenças como: Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS), Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP), Degeneração Corticobasal (DCB) e Demência com Corpos de Lewy (DCL) caracterizadas como síndromes parkinsonianas atípicas (SPA) e a Doença de Parkinson (DP). As SPA e a DP afetam, à medida que evoluem, a fala em cerca de 90 a 100% dos indivíduos, sendo a sua avaliação alvo de crescente interesse nos últimos anos como uma possível biomarcadora de progressão ou do início das doenças. Dois métodos estão disponíveis: a primeira e bem consolidada é a análise perceptiva auditiva (APA), realizada pelo julgamento de avaliadores treinados. O segundo método, mais objetivo, é gerado pela análise instrumental ou computadorizada, também chamada de análise acústica. Esse método instrumental vem sendo cada vez mais utilizado no âmbito da pesquisa e da prática clínica. Apesar deste progresso, a questão da diversidade persiste, especialmente em países de baixo rendimento e com recursos educativos limitados, levantando recentemente outras questões relacionadas com a disartria, como: “Qual o impacto das variáveis socioeducativas na fala?”. Apesar dos avanços ainda temos uma lacuna considerável, uma vez que as publicações, em sua maioria, refletem populações de países desenvolvidos, altamente qualificadas e geralmente falantes nativos do Inglês. Ao buscar estudar a fala em sujeitos com parkinsonismo neurodegenerativo, duas questões principais surgiram como desafios e por este motivo se tornaram as questões de pesquisa deste trabalho: a primeira foi levantar as diferenças entre os aspectos da fala de pacientes com parkinsonismo atípico e DP correlacionando-os com os aspectos clínicos e com um grupo controle pareado por sexo e idade. Já a segunda foi e verificar quais as variáveis de fala são impactadas pela escolaridade. Objetivos: diferenciar os aspectos de fala em pacientes com parkinsonismo atípico e DP correlacionando-os com os aspectos clínicos e com um grupo controle pareado por sexo e idade, assim como, verificar quais as variáveis de fala são impactadas pela escolaridade. Métodos: de caráter transversal este estudo foi composto por amostras de fala de 45 indivíduos distribuídos em três grupos: 15 sujeitos com parkinsonismo atípico (9 MSA, 6 PSP), 15 sujeitos com DP e 15 controles pareados por sexo e idade. Foram coletadas, em um ambiente silencioso, por meio de um microfone head-set posicionado a 5 cm da boca do paciente e de um gravador, três tarefas de fala que compreenderam: tempo máximo de fonação (TMF), diadococinesia de sílabas alternadas (/pataka/) e um monólogo de sessenta segundos. Posteriormente, os dados de gravação foram enviados a um computador para análise instrumental por meio de um software específico, bem como foram utilizados para realização da análise perceptivo-auditiva por avaliadores treinados e experientes na área. Informações sociodemográficas e o protocolo Radboud Oral Motor Inventory for Parkinson's Disease (ROMP) foram aplicados na mesma ocasião da coleta de fala. Resultados: No grupo do parkinsonismo atípico foram incluídos nove indivíduos com AMS, dos quais 40% eram do sexo masculino, e seis com PSP, dos quais 80% eram homens. Este grupo teve uma duração média de doença mais curta, de 6,33 anos, em comparação com 14,13 anos para o grupo com DP, bem como uma idade maior de início dos sintomas, de 62,73 anos, em comparação com o grupo com DP (54,47 anos). Os parkinsonianos atípicos também demonstraram uma maior gravidade da disartria. Além disso, este grupo teve uma ingestão média diária de Levodopa de 456,67 mg que é inferior ao consumo diário feito pelo grupo PD de 825,73 mg, em que 73,3% dos participantes também apresentaram discinesias. A comparação da análise acústica da articulação entre os três grupos por meio da tarefa de diadococinesia sugeriu que grupo atípico produziu significativamente menos sílabas que o grupo DP (p<0,01) e do que o grupo controle (p<0,00). Este grupo diferenciou-se ainda do grupo DP por apresentar uma taxa de articulação reduzida (p<0,01), uma duração de sílaba mais prolongada (p<0,01) e uma taxa mais lenta de produção de diadococinesia (p<0,01). Para o monólogo apenas o número de sílabas e o tempo de fonação foram significativos (p<0,01). O número de sílabas na tarefa de diadococinesia (p<0.05) e o phonation time no monólogo (p<0.05) foram impactadas pela escolaridade. O questionário ROMP indicou pior percepção de fala no grupo com parkinsonismo atípico 22,6 (±9,37) em comparação ao grupo com DP 13,47 (±6,84). A correlação do ROMP com as tarefas indicou diferença estatisticamente significativa apenas para o número de sílabas na tarefa de diadococinesia (p=0,042) e no monólogo (p=0,036). Por fim, o parkinsonismo atípico teve tempo médio de fonação para a vogal sustentada de 4,50s (2,98-6,57) comparado a 7,84s (5,75-13,64) para o DP e 15,12s (10,14-22,77) do grupo controle, indicando um valor estatisticamente significativo entre o grupo de parkinsonismo atípico e o grupo controle (p<0,000). Conclusão: O tempo máximo de fonação e a diadococinesia de sílabas alternadas são sensíveis às diferenças de fala no parkinsonismo atípico e podem ser candidatos confiáveis para biomarcadores de fala. As influências educacionais na tarefa de diadococinesia e monólogo, deve ser melhor investigada, evidenciando assim a lacuna na compreensão atual de outros aspectos que podem impactar a disartria.