Pedagogias de gênero na divulgação científica da revista Mente&Cérebro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Amaral, Jonathan Henriques do
Orientador(a): Santos, Luís Henrique Sacchi dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/69939
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar os modos como a biologia vem sendo acionada, na divulgação científica, para explicar e legitimar diferenças entre homens e mulheres. Para tanto, foram analisados 82 artigos publicados entre 2004 e 2010 na revista Mente&Cérebro, os quais possuem como tema central as diferenças de gênero, abordando-as desde um ponto de vista biológico. A dissertação está assentada na perspectiva teórica do construcionismo, que, neste caso, reconhece e enfatiza o caráter sociocultural do gênero e do conhecimento científico. A maior parte dos artigos analisados reitera o caráter determinante da “natureza” na geração dos aspectos que caracterizam mulheres e homens. Diferenças de gênero são explicadas a partir de argumentos baseados nos hormônios sexuais, na teoria da evolução humana e, sobretudo, no cérebro. Entretanto, em alguns artigos é possível encontrar críticas a certos usos da biologia para explicar essas diferenças, apontando fragilidades presentes em algumas dessas explicações, além de reconhecer a importância que fatores socioculturais desempenham na formação de um indivíduo enquanto sujeito homem ou mulher. Há cinco temas que os artigos abordam com frequência: habilidades cognitivas e intelectuais; saúde; sexualidade; emoções e sentimentos; e preferência de meninas e meninos por brinquedos distintos. Alguns artigos assumem um tom mais normativo, próximo ao que se poderia classificar como autoajuda: com base no conhecimento (neuro)científico e no poder de verdade a ele atrelado, os/as leitores/as da revista recebem inúmeras orientações, relacionadas à administração de problemas cotidianos, a cuidados que devem ser tomados com a saúde, dentre outras. Portanto, a própria noção de divulgação científica é colocada sob suspeita neste trabalho, pois a revista Mente&Cérebro realiza algo mais do que simplesmente “divulgar” conhecimentos. Inspirada na teoria da análise de discurso em ciências sociais, a dissertação aborda, com base em outros/as autores/as, as condições de emergência e permanência de discursos científicos sobre diferenças de gênero, resgatando seu caráter histórico e social. Também são feitas considerações acerca da importância do cérebro na sociedade contemporânea e da divulgação de conhecimentos neurocientíficos entre um público amplo, a qual vem contribuindo para consolidar uma forma específica de compreensão do ser humano. Em suma, o trabalho assume como pressuposto que a revista Mente&Cérebro possui um caráter educativo e desenvolve pedagogias de gênero, ensinando certas formas de ser homem ou mulher, com base no poder de verdade da ciência e na eficácia simbólica do cérebro.