O paradoxo do território e os processos de estigmatização da AIDS na atenção básica em saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Zambenedetti, Gustavo
Orientador(a): Silva, Rosane Azevedo Neves da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/115057
Resumo: Este estudo propõe uma análise da dimensão paradoxal do território e dos processos de estigmatização da Aids no contexto da Atenção Básica, mostrando os tensionamentos entre a proposição de políticas de saúde, o trabalho das equipes de saúde e os modos de vida da população. Entendemos que esse elemento paradoxal do território na articulação Aids – Atenção Básica não encerra um sentido único, mas que ali coexistem sentidos múltiplos e contraditórios que devem ser considerados na implementação de políticas públicas para esta área. A pesquisa que dá subsídios à construção desta tese busca compreender as tensões emergentes na relação entre os processos de estigmatização e o território no decorrer da descentralização do cuidado em HIV-Aids para a Atenção Básica no município de Porto Alegre-RS. A abordagem teórico-metodológica reuniu as contribuições de autores como Michel Foucault, Erving Goffman, Gilles Deleuze e René Lourau. A pesquisa teve como participantes usuários e trabalhadores de uma unidade da Estratégia Saúde da Família, além de representantes da equipe de matriciamento, da gestão municipal da política de DST-Aids e do Conselho Local de Saúde, com os quais foram realizadas entrevistas e/ou grupos focais, além de observação participante. Apresentamos uma caracterização dos procedimentos de descentralização, segundo a perspectiva dos participantes, destacando os tensionamentos, receios e movimentos de aderência a tal processo. Colocamos em evidência a atualidade dos processos de estigmatização relacionados à Aids a partir de quatro linhas concernentes aos modos de subjetivação: 1) os processos de visibilidade/invisibilidade, 2) a sobreposição de espaço-tempo, 3) a familiaridade com a Aids e 4) a familiaridade com os óbitos relacionados à Aids. Estes modos de atualização do estigma podem ser agrupados em três variações discursivas em torno da Aids: a estigmatização, a banalização e a politização do diagnóstico de Aids. Procuramos problematizar a noção de território e os seus tensionamentos na atenção em HIV-Aids, explorando os discursos que remetem à fixidez, à flexibilidade e/ou à interrogação da relação entre estigma e território. Os dados apresentados apontam para o elemento paradoxal do território nas ações de aconselhamento/teste na unidade de saúde, mostrando que a proximidade com o serviço de saúde tanto facilita quanto dificulta o acesso de alguns segmentos da população.