Desenvolvimento sustentável para a Base da Pirâmide (BOP) baseado em recursos natuais renováveis amazônicos (PFNMs) : o caso RECA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Sato, Suzenir Aguiar da Silva
Orientador(a): Pedrozo, Eugenio Avila
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/67627
Resumo: O avanço das ações de desenvolvimento vem colocando desafios à gestão de recursos; as diferentes particularidades nos tipos de recursos disponíveis para uso pelas organizações (na área de administração de empresas), seja por localização geográfica, clima, relevo e/ou outras especificidades locais, como por exemplo, recursos naturais, fogem aos padrões impostos pelas abordagens teóricas estratégicas dominantes, atualmente, nas ciências sociais. No caso do megabioma Amazônico, devido à grandeza patrimonial e suas especificidades locais, há recursos naturais que são únicos e inimitáveis, seja de maneira individual seja pelo conjunto do megabioma, apesar do contexto de pobreza da região. Na medida em que se pressiona para o uso desses recursos, seja pelos indivíduos, seja pelas organizações, podem-se gerar diferentes tipos de conflitos, até porque o uso dos recursos naturais e os conflitos socioambientais são cenários de repercussões para a sociedade, devido às mudanças que promovem em termos ecológicos e das propostas de desenvolvimento social. Assim existem recursos naturais, principalmente, os renováveis disponíveis para uso, que exige novos conhecimentos teóricos e práticos, tanto para acadêmicos como para os gestores atuais. Nesse contexto, são necessárias as preocupações dos cidadãos, instituições e governos, necessitando, no entanto, de um conhecimento adequado à natureza, suas potencialidades e dimensões, no tocante ao uso no presente e garantia para as gerações futuras dos recursos necessários e sua sobrevivência com qualidade de vida, ou seja, a sustentabilidade nesse sentido vem ao encontro de um manejo ambientalmente correto (sustentável) socialmente justo e economicamente rentável, considerando como pilares do Desenvolvimento Sustentável as dimensões Sociais, ambiental e Econômica, dimensões que nortearam a presente pesquisa. Nesse quesito de conhecer como esse processo poderia ocorrer, na Amazônia, foi tirado proveito da teoria Path Dependence que possibilita organizar de forma metodológica e teórica a trajetória e os conhecimentos necessários para que se obtenha uma produção sustentável, com satisfação de mercado aliados a oportunidade de negócio para as comunidades locais. Sendo assim, nesse contexto que envolve recursos, preocupações com a sustentabilidade as inovações que orientaram a presente pesquisa são coladas com a realidade local, com intuito de atender tanto a sustentabilidade quanto resolver impasses que tem impedido progressos substanciais no cruzamento da pobreza, sustentabilidade e meio ambiente. As preocupações, relacionadas à redução da pobreza é um fato que tem sido motivo de preocupação, inclusive no megabioma amazônico, apesar desse ser considerado rico e potencialmente rentável; tem transcendido os limites individuais, empresariais e nacionais, passando a ser uma preocupação global. Nos anos 2000, se consolidou a ideia de que as empresas têm um papel importante na redução da pobreza e a partir disso surge a teoria Base da Pirâmide (BoP) visando possibilitar o consumo para os pobres (BoP 1.0); no entanto por mais que essa teoria tenha avançado possibilitando maior participação dos pobres os envolvendo como co-criadores (BoP 2.0) esta ainda continua os considerando como sujeito passivo ou meros consumidores/colaboradores, visto que a renda por agregação de valor aos produtos (co-criadores) fica com a empresa, ou seja, a teoria não tem sido aproveitada para a produção a partir dos recursos naturais, com vistas a geração de renda, a melhoria na qualidade de vida e organização sustentável, principalmente numa região como a Amazônica. Assim, considerando as oportunidades existentes no megabioma amazônico, tem-se o entendimento que as oportunidades da BoP, podem ir além do consumo (BoP 1.0) ou co-criação de valor (BoP 2.0) e, com foco nos produtores da BoP (produtores de PFNMs), de forma organizada, podem ser desenvolvidas alternativas de melhoria de qualidade de vida, baseado em recursos naturais renováveis sustentáveis, emergindo a questão principal da presente pesquisa: A exploração dos recursos naturais amazônicos, de forma sustentável, pelos produtores BoP, caracteriza-se como uma nova abordagem da BoP, indo além do que é preconizado pela BoP 1.0 e BoP 2.0? Para se chegar a isso, a presente pesquisa está sendo norteada pelos temas: Sustentabilidade e Desenvolvimento sustentável, Recursos Naturais; Visão Baseada em Recursos Internos (VBRI); Inovação e Inovação orientada para a sustentabilidade; Base da Pirâmide (BoP), e PFNMs (produtos florestais não madeiráveis), nesse caso são os produtos naturais renováveis amazônicos. O objetivo é o de propor e aplicar um framework de sustentabilidade da BoP, para organizações que atuem com recursos naturais renováveis, para os produtores (PFNMs) da BoP, do megabioma amazônico. A pesquisa é exploratória e descritiva, de natureza qualitativa. Foram coletados dados secundários e primários. Os dados primários utilizou como método de coleta de dados a entrevista semiaberta, visita e observação in loco. Para tratamento dos dados, foi utilizado a técnica de análise de conteúdo. O objeto de estudo foi a organização RECA – Reflorestamento Econômico Consorciado Adensado, que é uma Associação de pequenos agrossilvicultores, localizada em Nova Califórnia (RO). O projeto RECA possui mais de 2.700 hectares de Sistema Agroflorestal - SAFs implantados, utilizando vários tipos e esquemas de plantios com menos de 5% de áreas de monoculturas. Os resultados obtidos foram ricos e os mais relevantes foram: para que os produtores da BoP, de recursos naturais renováveis, de forma sustentável, possam ser sujeitos e tenham a governança das suas atividades necessita-se de uma nova visão da BoP (BoP 3.0); um novo tipo de negócio social do tipo associação-cooperativa foi criada; o uso dos tipos de recursos mobilizáveis e mobilizadores permitem uma análise multinível sustentável dos recursos naturais renováveis; numa BoP para produtores da BoP a ordem de importância das dimensões de sustentabilideade é social, ambiental e econômica, respectivamente; foi identificado um sistema de produção resultado de uma articulação do uso de recursos coletivos (da organização) e individuais (de cada produtor); necessita-se de um olhar para a inovação orientada para a sustentabilidade que seja interativa e não-linear; as relações deixam de ser dos produtores da ToP (topo da pirâmide) para a BoP e passam a ser dos produtores da BoP, tanto para os consumidores da ToP como os próprios consumidores da BoP.