Fatores associados a saúde mental de jovens transgêneros e/ou não binários

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fontanari, Anna Martha Vaitses
Orientador(a): Lobato, Maria Inês Rodrigues
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/204129
Resumo: O termo transgênero (ou trans) descreve um indivíduo cuja identidade de gênero é incongruente ao sexo atribuído no seu nascimento, ou não se alinha com as noções tradicionais de masculinidade e feminilidade. Pessoas tanto cisgêneras quanto transgêneras tendem a identificar-se com um gênero, ou masculino ou feminino. Diferentemente dos jovens não-binários, que se identificam com um terceiro gênero, com gênero fluido ou com nenhum gênero. Existem inúmeras intersecções entre as terminologias: TGNB. Contudo, faz-se necessário utilizar ambos os termos porque nem todas as pessoas não-binárias identificam-se como transgêneras, e vice-versa. Dentre as pessoas transgêneras e não-binárias há um subgrupo para o qual a incongruência entre seu gênero e sexo atribuído ao nascimento causa sofrimento constante e persistente. A fim de reduzir seu desconforto com as suas características físicas, procuram serviços de saúde especializados no processo de afirmação de gênero. Tais indivíduos costumavam ser diagnosticadas com Disforia de Gênero de acordo com o DSM-5. A afirmação de gênero é um processo multidimensional que engloba, em particular, os domínios social, médico e legal. Todos os domínios da afirmação de gênero atenuam o sofrimento causado pela disforia de gênero. Jovens TGNB apresentam mais frequentemente sintomas de ansiedade e depressão, bem como suicidalidade, quando comparadas a população geral. Além disso, jovens TGNB são particularmente vulneráveis ao uso de substâncias e tabagismo, bem como suscetíveis a seus malefícios a saúde. Ou seja, esses grupos estão em especial risco para envolver-se com substâncias e, após o início, tendem a apresentar resultados piores quando comparados a seus pares cisgêneros. Dessa forma, a presente tese visa a explorar fatores associados a saúde mental de jovens TGNB do Brasil. Para tal jovens brasileiros, com idade entre 16 e 25 anos, que se identificam como TGNB responderam um questionário on-line. Constatou-se que fatores sociais, como experiências de discriminação, estão fortemente associados ao uso de substâncias e ao tabagismo. Mais precisamente, o uso de drogas ilícitas, como maconha e cocaína, é uma estratégia de enfrentamento utilizada pelos jovens avaliados. Nessa linha, uma parcela importante dos jovens TGNB sente-se desconectado e inseguro no ambiente escolar, o que foi associado a aumento do número de faltas e das taxas de evasão escolar. Em contrapartida, o acesso a procedimentos de afirmação de gênero atenuou sintomas de depressão e ansiedade dos jovens TGNB, e também foi associado ao menor consumo de tabaco. Por fim, reduzir a transfobia na escola, na universidade, no local de trabalho, no hospital e em inúmeras outras instituições que afetam o cotidiano dos jovens TGNB pode ser considerado uma estratégia de saúde pública para diminuir as disparidades de saúde mental encontradas entre jovens transgêneros e seus pares cisgêneros.