Registro dos fatos ancestrais : um projeto translingual de tradução para o Kojiki

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Zitto, Bruno Costa
Orientador(a): Cunha, Andrei dos Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/277532
Resumo: Este trabalho é composto por excertos tradutórios do texto do Kojiki (古事記, 712) e por uma breve argumentação de seu projeto de reescritura em português brasileiro. Os agentes encomendadores de sua formação inicial, na alta antiguidade japonesa, foram o imperador Tenmu (天武天皇, r. 673–686) e, após sua morte causar a descon tinuação do preparo da obra, a imperadora Genmei (元明天皇, r. 707–715); já os indi víduos cortesãos responsabilizados por cada um desses governantes com sua produ ção foram, no século VII, a misteriosa personalidade palaciana Hieda no Are (稗田阿 礼) e, no século VIII, o oficial burocrata Ô no Yasumaro (太安万侶, ?–723), que com pilou a primeira edição escrita do poema, dedicado a registrar uma certa história fun dacional do império Yamato (大和国), extensa desde o surgimento dos primeiros deu ses celestiais xintoístas até o fim do mandato de sua 33ª soberana. O texto-fonte para as traduções que preparei foi uma edição dos três tomos em japonês antigo, com consultas secundárias tanto às suas reescrituras, nesse mesmo livro, nos idiomas clássico e moderno (YAMAGUCHI; KÔNOSHI, 1997) como a algumas daquelas já feitas em português brasileiro (MIETTO, 1996), espanhol (RUBIO; MORATALLA, 2012), francês (ROSNY, 1883 apud HIRAFUJI, 2013), italiano (VILLANI, 2006) e in glês (HELDT, 2014; PHILIPPI, 1968; CHAMBERLAIN, 1932). Após sua apresentação, a discussão teórica que proponho se direciona inteiramente a uma justificativa de meu projeto tradutório, abordando de maneira introdutória os grandes temas: do contexto e do processo de formação do poema na alta antiguidade; das suas recepções japo nesa, europeia, estadunidense e brasileira desde então até hoje; de seu primeiro idi oma de inscrição, de sua primeira ortografia e do aparato paratextual que a acompa nhava já no século VIII; da teoria pós-colonial sobre o Orientalismo, no centro e na periferia do mundo capitalista (SAID, 2007; CUNHA, 2013); das teorias da poesia con creta e da transcriação (CAMPOS; PIGNATARI; CAMPOS, 2006; TÁPIA; NÓBREGA, 2015), questionadas por suas fontes orientalistas; e da teoria da performance, apli cada à literatura (ZUMTHOR, 2012) e à tradução poética (FLORES; GONÇALVES, 2017). Associando-o a todas essas reflexões, procurei desenvolver algum projeto tra dutório que se valesse de uma visualidade funcionalizada para reencarnar o Kojiki em um texto brasileiro de poética translingual, organizada entre nossa língua portu guesa e aquelas escritas nos sistemas logogrâmicos e fonogrâmicos do Japão antigo, com a opulenta presença de traduções interlineares para as centenas de notas para textuais participantes na composição do texto de Yasumaro, mas muito apagadas nas supracitadas traduções anteriores da obra. Por mote geral, busquei a feitura de um poema que se insira produtivamente no contexto dos estudos brasileiros sobre o livro e sobre a tradição artística japonesa, com uma postura tentativamente bem estrutu rada para um diálogo anti-orientalista.