De trabalhadoras precárias a empreendedoras da confecção? : a complexa construção da identidade profissional das trabalhadoras a domicílio da indústria de confecção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Pereira, Rosângela Maria
Orientador(a): Rosenfield, Cinara Lerrer
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/30615
Resumo: Este estudo trata da relação identidade profissional e relações de trabalho. O objetivo é investigar como as trabalhadoras a domicílio da indústria de confecção de Divinópolis (MG), inseridas nos processos de flexibilização e nas mudanças recentes no mundo do trabalho constroem sua identidade profissional. Recorre-se a entrevistas semiestruturadas com trabalhadoras a domicílio, empresários da confecção, diferentes trabalhadoras da indústria de confecção e representante do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Confecção de Divinópolis (MG) e à observação do campo com a confecção de um “Diário de campo”. Aborda-se a construção da identidade profissional, associada, particularmente, ao trabalho a domicílio, informal, precário e empreendedorismo. Para a análise da construção da identidade profissional, versa-se sobre as transformações do trabalho que envolvem os processos de subcontratação e terceirização na indústria de confecção, logo, as relações de trabalho, as relações com as instituições de representação, as condições de trabalho e as relações de gênero. Analisase a articulação contínua de dois processos, o da autonomia no trabalho e o reconhecimento no e pelo trabalho e a trajetória profissional e as perspectivas futuras das trabalhadoras. Reagrupa-se e classifica-se, de forma indutiva, as trabalhadoras a domicílio da indústria de confecção, a fim de construir uma tipologia das suas identidades profissionais. Caracteriza-se, empiricamente, quatro tipos: as trabalhadoras tipo precárias, as trabalhadoras tipo tuteladas, as trabalhadoras tipo proprietárias do pequeno negócio e/ou a pequena patroa e as trabalhadoras tipo empreendedoras. Como resultado deste estudo, mostra-se que o empreendedorismo individual como autoemprego estabelece exigências específicas para sua concretização (uma melhor divisão do trabalho na casa, recursos – financeiros – locais adequados de trabalho, maquinário de qualidade, qualificação formal e pelo trabalho, etc.). Os aspectos subjetivos, como o desejo de sucesso e de satisfação em criar algo, são relevantes para as possibilidades de sucesso, mas a sua concretização está calcada, ainda, em aspectos objetivos e, como tal, não está ao alcance de todas as trabalhadoras. A opção pelo trabalho autônomo não conduziria, efetivamente, a uma maior autonomia e liberdade no trabalho. O empreendedorismo envolve a contribuição de mais atores e, no trabalho a domicílio, exigiria um envolvimento maior da família. Um dos grandes desafios da análise sociológica, e enfrentado nesta pesquisa, é o de relacionar os processos históricos globais – ou macrossociológicos – com os relativos aos resultados da pesquisa empírica – microssociológicos – consagrados aos indivíduos e às situações sociais concretas. Logo, tornar possível uma análise sociológica da riqueza dos dados recolhidos no campo de pesquisa. As análises tipológicas das experiências vividas têm o significado e a vantagem de contribuir para explicitar os efeitos dos fenômenos estruturais, de ordem macrossociológica, sobre as atitudes e os comportamentos dos indivíduos e, consequentemente, sobre os espaços de liberdade, mesmo limitados, de que aqueles dispõem para dar um sentido a sua experiência social.