Indígenas no ensino superior : uma análise sobre a formação dos estudantes Kaingang da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ames, Valesca Daiana Both
Orientador(a): Almeida, Marilis Lemos de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/207186
Resumo: Desde 2008, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) destina anualmente dez vagas para estudantes provenientes de comunidades indígenas em seus cursos de graduação, como parte de uma política de ações afirmativas. A presença destes sujeitos, historicamente ausentes do espaço universitário, representa um momento enriquecedor, tanto para os estudantes quanto para a própria instituição, mas também trouxe consigo muitos desafios e dificuldades. A presente tese tem como objetivo analisar as experiências formativas dos estudantes pertencentes à etnia Kaingang na UFRGS. Mais especificamente, pretendemos entender como os citados estudantes acompanham os conteúdos das disciplinas de seus cursos e como eles se relacionam com os seus colegas não indígenas, docentes, orientadores e monitores. Direcionando o nosso olhar para a instituição universitária, temos o intuito de analisar o papel dos docentes na formação dos acadêmicos indígenas. Particularmente, nosso interesse é entender quais as percepções e representações dos docentes em relação aos estudantes indígenas e que tipo de relações estabelecem com eles. Para atingir estes objetivos, realizamos quatorze entrevistas semi-estruturadas com alunos indígenas Kaingang matriculados na UFRGS e treze entrevistas com docentes que haviam ministrado aulas para um ou mais alunos indígenas. Além disso, realizamos observações de cunho etnográfico por um período de aproximadamente um ano no Grupo de Acolhimento aos Estudantes Indígenas (GAIn) da UFRGS e nos seminários “O que é ser índio?”, desenvolvidos pelo mesmo grupo. Os dados, analisados à luz da sociologia da educação e da sociologia do estrangeiro, apontam as principais dificuldades enfrentadas pelos estudantes indígenas; as relações de amizade, apoio e colaboração estabelecidas com os mencionados atores universitários; bem como as situações de preconceito e discriminação vivenciadas no interior da instituição. Ainda, os dados apresentam as percepções e representações dos docentes sobre os estudantes indígenas, assim como as ações destinadas a auxiliá-los no enfrentamento das suas dificuldades formativas. Concluímos, por meio desta pesquisa, que a formação dos acadêmicos Kaingang na UFRGS – em seus aspectos cognitivos e relacionais – foi influenciada tanto pelo pertencimento étnico destes sujeitos quanto pelas suas formações escolares anteriores. Ademais, concluímos que a relação dos docentes com os alunos indígenas se estabeleceu predominantemente a partir de uma imagem genérica de um estudante universitário, fato que evidenciou a escassa orientação institucional fornecida aos docentes sobre como lidar com essa nova demanda formativa.