O impacto psicossocial das secas em agricultores familiares do Rio Grande do Sul : um estudo na perspectiva da psicologia dos desastres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Favero, Eveline
Orientador(a): Castellá Sarriera, Jorge
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/55063
Resumo: O trabalho investigou, através de dois estudos, a seca e suas implicações psicossociais para as famílias de agricultores da região Noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil. No estudo qualitativo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas tendo participado sete agricultores de ambos os sexos, com idade entre 33-51 anos (M=42; DP=5,22). O objetivo foi verificar como a perda de recursos desencadeada pelas secas exerce influência sobre o bem-estar familiar. Constatou-se que as secas afetam recursos de sobrevivência familiar e causam implicações psicológicas para esta população, como insegurança quanto ao futuro, desânimo e tristeza. Os participantes utilizam estratégias de coping a partir do uso de recursos pessoais e do apoio social disponível no cotidiano de vida, sendo prevalente o uso do coping ativo. Políticas públicas em caráter permanente poderiam contribuir para reduzir o tempo de exposição ao estresse decorrente do desastre e, consequentemente, melhorar níveis de saúde e bem-estar nesta população. No segundo estudo, participaram 198 agricultores, com idade entre 18 e 77 anos (M=44,38; DP=10,04), sendo 104 (52,5%) homens e 88 (44,4%) mulheres. O objetivo foi avaliar a relação entre o grau de impacto da seca na família e as variáveis crenças básicas, apoio social, saúde geral e percepção do desastre. Os participantes responderam a um questionário composto por itens relacionados aos impactos psicossociais das secas e percepção do desastre, além das escalas World Assumptions Scale (WAS), Social Support Appraisals (SSA) e o Questionário de Saúde Geral (QSG-12). Os grupos de alto e médio impacto da seca apresentaram percepção mais negativa do desastre em relação ao grupo de baixo impacto, no que se refere às suas consequências no bem-estar, além de perceberem-se mais responsáveis pelos seus impactos. Além disso, esses grupos apresentaram menores médias nas crenças de justiça, controlabilidade e aleatoriedade dos acontecimentos. Em relação ao apoio social, o grupo com alto impacto do desastre percebe-se mais apoiado pelos grupos primários (família, amigos, vizinhos, comunidade), enquanto que o grupo de baixo impacto percebe-se mais apoiado pelos grupos secundários (governo, técnicos, grupos religiosos). Constatou-se ainda, menor percepção de saúde no grupo de alto impacto da seca, nas dimensões depressão, autoeficácia e autoestima. O trabalho contribui para a compreensão da relação entre seca e bem-estar nos agricultores, bem como, com discussões no âmbito da psicologia dos desastres no contexto brasileiro.