Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Frasson, Jéssica Serafim |
Orientador(a): |
Wittizorecki, Elisandro Schultz |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Palavras-chave em Espanhol: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/223001
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Resumo: |
Esta tese de doutorado tem como tema de pesquisa o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar e busca discutir, a partir de diferentes pontos de vista epistemológicos, a questão expressada pela seguinte pergunta: como os grupos de pesquisa engendram o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar e que relações são construídas nesse espaço social? Nesse sentido, este estudo tem como objetivo compreender o engendramento do subcampo acadêmico-científico Educação Física escolar e as relações construídas nesse espaço social a partir dos grupos de pesquisa da região sul do Brasil. Para dialogar com a pergunta e o objetivo apresentados, apoio-me nas lentes teóricas de Pierre Bourdieu sobre a sociologia da ciência e na perspectiva libertadora de Paulo Freire, além de traçar diálogos com outros autores e autoras vinculados a uma perspectiva crítica de Educação, Educação Física e Educação Física escolar. O desenho metodológico estrutura-se a partir da abordagem da pesquisa qualitativa e apresenta a prosopografia como procedimento metodológico, vinculado a entrevistas semiestruturadas e à análise de documentos como ferramentas do processo de obtenção das informações. Com base nas perspectivas sociológicas que orientam esta tese, entendo que o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar se engendra a partir das lutas simbólicas entre os agentes providos e os desprovidos de capital, ou seja, entre ortodoxos, vinculados a um viés conservador, e hereges, aliados a uma tendência progressista. A manutenção das hierarquias se sustenta pelo conflito entre grupos que professam, em termos bourdieusianos, certo tipo de sacerdócio acadêmico e de independência inofensiva. Desse modo, defendo a tese de que o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar sofre de um mal grave, quiçá congênito, um vício de origem eurocêntrico, médico e positivista, no qual o conhecimento mais valioso é aquele que compreende a Educação Física escolar a partir de uma perspectiva reducionista do movimento, pautada no paradigma da aptidão física com vistas à saúde, onde os corpos são objetificados, além de servirem com vetor de reprodução e perpetuação da dominação. Contudo, igualmente identifiquei que a reprodução dessa ciência hegemônica não é passiva de linearidade, existindo, portanto, disputas entre as diferentes práticas científicas, agentes sociais e o sistema que organiza e rege o campo e o subcampo. Por isso, o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar também se engendra a partir de diferentes racionalidades científicas, mas sobretudo a partir de diferentes interesses políticos-epistemológicos, que se expressam no conhecimento que construído "na", "sobre", "com" e "para" a Educação Física escolar. As relações que engendram esse espaço social são de poder e dominação e se expressam por meio da violência simbólica. Finalmente, discuto ainda um segundo aspecto que abala das relações mais sutis às mais complexas no subcampo, ou seja, a existência de um projeto gestado e organizado pela estrutura social dominante (sociedade capitalista que se pauta sob preceitos econômicos) para oprimir, cercear e silenciar vozes, e que faz, sobretudo, com que a reprodução do paradigma científico dominante – pautado pela racionalidade técnico-instrumental, articulada à ciência natural, médica e positivista – seja intencional, condicionando, de acordo com Bourdieu, a casualidade da distinção natural dos agentes sociais no subcampo. |