Taxa de câmbio e investimento : análise setorial da indústria de transformação brasileira entre os anos de 2007 e 2017

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Nunes, Stephano Hertal Farias
Orientador(a): Dathein, Ricardo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/221883
Resumo: Desde o colapso do acordo de Bretton Woods, quando a taxa de câmbio das principais economias industrializadas passou a flutuar, a relação entre taxa de câmbio e o crescimento econômico tem sido alvo de intenso debate na literatura econômica, principalmente no caso de países em desenvolvimento. Apesar dos diversos trabalhos sobre o tema, na maioria das vezes os resultados apresentam divergências e o efeito da taxa de câmbio permanece uma questão em aberto. Na literatura econômica brasileira poucos estudos têm abordado o tema do ponto de vista microeconômico, todavia o principal impacto da variação cambial recai sobre os preços relativos. O objetivo da presente tese é avançar neste sentido e explicar a relação entre a taxa de câmbio e os investimentos considerando exclusivamente o efeito do preço das exportações e importações sobre a lucratividade da indústria nacional. Desponta-se, desta perspectiva, um importante fator na determinação do preço: a estrutura de mercado. O Brasil é caracterizado por ter o parque industrial altamente oligopolizado, porém os investimentos tendem a ser mais elásticos às flutuações cambiais nas estruturas de mercado mais competitivas. Considerando uma desvalorização cambial, dois efeitos concomitantes e antagônicos agem sobre os lucros de uma empresa: aumento da receita das vendas no mercado interno e externo e elevação do custo com insumos importados. Além da estrutura de mercado, a magnitude desses efeitos vai variar conforme a participação das exportações sobre as vendas totais e a dependência de insumos importados na produção. Os resultados obtidos no exercício empírico utilizando painéis dinâmicos e o Método dos Momentos Generalizados (System GMM) mostraram que uma depreciação da taxa de câmbio tem um efeito negativo para todos os setores através do canal de custo e, o efeito positivo, via canal das receitas, se mostrou significativo somente para os setores que operam próximos da concorrência perfeita. Isso quer dizer que, no contexto brasileiro, a desvalorização do Real tem favorecido principalmente a expansão dos setores em que o país já possui inserção externa favorável, sobretudo fabricantes de produtos não sofisticados tecnologicamente e com baixo valor agregado. Por sua vez, a valorização prejudica o adensamento da cadeia produtiva nacional, além de provocar um boom no consumo de bens finais importados. Assim, para promover uma melhora qualitativa da estrutura produtiva nacional, torna-se recomendável a adoção de políticas industriais complementares à desvalorização cambial.