A adesão terapêutica ao tratamento da tuberculose : estratégia biopolítica de promoção da saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Zago, Priscila Tadei Nakata
Orientador(a): Rocha, Cristianne Maria Famer
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218177
Resumo: Dentre os fatores relacionados à ocorrência dos casos de tuberculose, doença infectocontagiosa considerada como um problema de saúde pública, destacam-se as condições socioeconômicas da população que vive em situações de pobreza e vulnerabilidade. Tais situações influenciam negativamente a Adesão Terapêutica, o que traz como consequência a manutenção do atual cenário epidemiológico, no qual as altas taxas de incidência impedem o alcance do controle da doença. Para dar conta de tal cenário, são elaboradas recomendações, publicadas no formato de Manuais, que visam servir como ferramentas de apoio aos profissionais de saúde no atendimento da tuberculose. Esta dissertação, através da problematização do conceito de Adesão como um processo de negociação e colaboração, objetivou investigar de que forma as recomendações presentes nos Manuais se constituem em estratégias biopolíticas de Promoção da Saúde na lógica neoliberal. Trata-se de uma pesquisa documental de abordagem qualitativa, inspirada nas metodologias pós-críticas e no referencial teórico-metodológico de Michel Foucault. Foram analisados cinco Manuais publicados pelo Ministério da Saúde no período de 2002 a 2019. A análise das recomendações dos Manuais enquanto práticas discursivas foi realizada a partir da articulação de três eixos teóricos: os saberes, as relações de poder e a biopolítica. Os resultados apontam, em relação ao primeiro eixo analítico, para os sucessivos deslocamentos da capacitação de recursos humanos na área da saúde, da vigilância em saúde, da medicalização e da multifuncionalidade do enfermeiro no enfrentamento dos determinantes sociais da saúde para a superação da pobreza como saberes capazes da Adesão. No segundo eixo analítico, identifico relações de saber/poder que constituem uma forma de se realizar o cuidado à tuberculose, através da função e dever de determinadas categorias profissionais – em particular, da Enfermagem-, em articulação com poderes locais institucionais na sua microcapilaridade. Sinalizo que a normalização de uma forma adequada de controlar a tuberculose coloca em funcionamento disciplinas que são identificadas a partir de um micropoder sobre o corpo e sobre o modo de comportamento da pessoa em tratamento, nas quais a supervisão do enfermeiro no tratamento diretamente observado se destaca como importante dispositivo disciplinar de vigilância. Em relação ao último eixo analítico, foi possível identificar cinco estratégias biopolíticas de Promoção da Saúde: “fazer viver” determinadas vidas, a segurança da população saudável, a formação da “população vulnerável”, a superação da pobreza como ordenadora do discurso de controle da tuberculose e a Adesão Terapêutica como empreendimento de si. Por fim, destaco que essa dissertação se configura como uma possibilidade de que outras verdades acerca da Adesão Terapêutica ao tratamento da tuberculose possam ser consideradas, além daquelas já naturalizadas pelos profissionais de saúde.