Esquema terapêutico de dose fixa combinada (RHZE) e o controle da tuberculose em área de elevada carga da doença: Município de Santos (SP)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Nascimento, Ana Carolina Chiou
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-11092017-100356/
Resumo: Introdução: A carga da tuberculose (TB) no Brasil ainda é expressiva e a proporção de desfechos de tratamento desfavoráveis é elevada. Para tornar mais efetivas as atividades de controle da TB, implantou-se, em 2010, o esquema terapêutico de dose fixa combinada (RHZE). Contrastando com bons indicadores socioeconômicos, o município de Santos (SP) ainda apresenta elevadas taxas de incidência de TB e de abandono de tratamento. Objetivos: Descrever a tuberculose pulmonar (TBP), os principais desfechos de tratamento em período prévio e posterior a introdução do esquema terapêutico de dose fixa combinada (RHZE), no município de Santos. Métodos: Estudo descritivo, abrangendo pacientes com TBP diagnosticados por critérios clínico-radiológicos ou bacteriológicos, com 15 anos ou mais, residentes, e cujo primeiro tratamento com esquema RHZ ou RHZE ocorreu no município de Santos entre 01/01/2008 a 31/12/2014. As definições de caso são as adotadas pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT). As variáveis estudadas foram características sociodemográficas, aspectos relativos ao diagnóstico e tratamento, comorbidades e características do serviço de saúde. A análise descritiva se fez por coortes de pacientes definidas segundo o ano do primeiro tratamento. Para as análises comparativas de proporções aplicaram-se os testes qui-quadrado de Pearson, Exato de Fisher e qui-quadrado de tendência e para variáveis contínuas o de Kruskal - Wallis. Resultados: Dos 1603 pacientes estudados, 67,2 % eram do sexo masculino, a mediana de idade foi de 39 anos, 44,4% com escolaridade entre 8 e 11 anos de estudo, 53,6% de etnia branca, 11,5% coinfectados TB/HIV; 55,0% descoberto por demanda ambulatorial, 60,9% submetidos ao tratamento supervisionado e 17,8% hospitalizados durante o tratamento. Comparando a coorte de pacientes com início de tratamento em 2008 com a de 2014, verificamos a elevação da escolaridade com 12 anos ou mais de estudo (11,3% versus 22,0%; p=0,059, X2 tendência), de privados de liberdade (0,9% versus 2,1%; p=0,026, X2 tendência), de doentes mentais (0,4% versus 3,0%; p=0,027, X2 tendência), de casos descobertos por elucidação diagnóstica (7,4% versus 12,6%; p=0.049, X2 tendência), de atendidos na Unidade Básica de Saúde (79,3% versus 90,1%; p < 0,0001, X2 tendência), de contatos investigados (1,3% versus 4,8%; p=0,040, X2 tendência). Por sua vez, houve declínio na proporção de coinfecção TB/HIV (13,2% versus 8,6%; p=0,018, X2 tendência), e hospitalizações durante o tratamento (21,6% versus 12,9%; p < 0,0001, X2 tendência). Foram tratados inicialmente com esquema RHZ 29,8% (477/1603) e 70,2% (1126/1603) com esquema RHZE. A taxa de cura manteve-se em torno de 80,0%. Por outro lado, houve declínio da proporção de retratamento pós-cura (4,7% versus zero; p < 0,0001, X2 de tendência); de óbitos por TB (3,4% versus 0,9%; p=0,090, X2 tendência), e óbitos por outras causas (3,4% versus 2,1%; p=0,028, X2 tendência). O abandono de tratamento manteve-se em torno de 13,7%, sendo que 70,0% (154/220) deles, não retornaram para retratamento. Conclusão: Após a introdução do RHZE, verificou-se a diminuição da gravidade da TB, mas as taxas de cura e de abandono não se alteraram significativamente, além disso, elevada proporção dos que abandonaram o tratamento não retornaram aos serviços. Tais resultados sugerem a necessidade de estratégias adicionais com vistas a elevar a adesão ao tratamento da TB com foco em grupos de maior risco para abandono de tratamento