Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Prudente, Jéssica |
Orientador(a): |
Amador, Fernanda Spanier |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/221160
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Resumo: |
Uma psicóloga, pelo exercício de seu ofício em um serviço de saúde mental, foi “ferida de morte e vida” ao escutar a pergunta enunciada por uma usuária: “por que eu não posso querer morrer”? Esta tese produz conversas infinitas no intervalo entre querer morrer e suicídio, estando transversalizada pela experiência do trabalho em saúde mental, por um viés cartográfico. Pela problematização como método, estratégia produzida no percurso da pesquisa, operamos modulações do problema do risco de suicídio no trabalho em saúde, permitindo o pensamento enquanto ruptura. Trata-se de um pensar no movimento acolhendo o impensado, a natureza insistente dos problemas e as descontinuidades, produzindo uma tese que se afirma na Filosofia da Diferença. Provocamos ondas por entre a força das máquinas binárias que nos arrastam para as dicotomias, afirmando uma inseparabilidade entre viver e conhecer pelos contornos locais e singulares na Psicologia Social e Institucional brasileira e nas Clínicas do Trabalho, especialmente nas proposições da Clínica da Atividade, abordagem essa que expande as possibilidades de criação no e pelo trabalho. Colocamos em discussão valores produzidos em relação ao viver e ao morrer, levantando questões a respeito de práticas higienistas e normalizadoras nesse âmbito. Afirmamos o querer morrer como um meio, como uma linha expansiva de vida e de problematização. Pelas estratégias genealógico-cartográfica e dialógica, percorremos traçados do pensamento em ação acompanhando normatividades, que é o que está em questão na clínica da atividade. A dimensão da atividade pode ser pensada como uma ontologia política da experiência do trabalho ativada pelos encontros produzidos nas entrevistas realizadas com psicólogas de diferentes serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), construindo uma experiência normativa e transversal que se expande pela dimensão do ofício como lastro produzido entre histórias e memórias. Pela pergunta ferimento, abrem-se três planos analítico-conceituais os quais produzem uma conversa infinita que dobra e desdobra o problema da tese: 1. “A morte do querer morrer no contemporâneo”, que aposta na potência problemática do querer morrer em sua abertura para um território ético da discussão, por um viés genealógico; 2. “Normalização e normatividade: dimensões em transitividade”, que trata das estratégias de normalização, a partir de Foucault, e de normatividade, pelo pensamento de Canguilhem, percorrendo o trabalho em saúde pelo meio, por uma transitividade das normas; e 3. “Trabalho em saúde em sua dimensão clínica: entre riscos e profanações”, que analisa o trabalho como território de riscos, permeado pelo desafio de assumir os riscos na gestão do trabalho em saúde na produção da história de um ofício, tomando a dimensão clínica enquanto desvio. Esses três planos politizam o querer morrer, as normas e o trabalho em saúde, encontrando outras vozes por meio de conversas-entrevistas com trabalhadoras psicólogas do SUS de diversos equipamentos – hospital, emergência psiquiátrica, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e ambulatório de saúde mental. Os platôs produzidos nessas conversas-entrevistas são engendrados com as discussões dos planos analítico-conceituais enquanto transversalidades do trabalho em saúde como experiência: o Platô Ético: confiança-queda-risco indica a produção de diferentes modos de relação com o mundo e transversaliza o primeiro plano analítico-conceitual; o Platô Estético: problema crítica-normatividade enfatiza uma dimensão criadora e inventiva da experiência, atravessando o segundo plano; e o Platô Político: protocolo-comum-ofício sugere pensar essa relação da experiência do trabalho em saúde por entre regimes de saberes e estratégias de governo, transversalizando o terceiro plano. Ainda que sejam da ordem de um coengendramento, para cada plano, enfatizamos um dos platôs animados por séries de análise e excertos das entrevistas. Não há produção de vida que não seja atravessada pelos riscos, sendo que as estratégias de geri-los são cada vez mais complexas e audaciosas, violentas e amplas, indicando a imanência dos riscos e das normas. O ethos da confiança emerge como dimensão de composição com as trabalhadoras e com a pesquisa no exercício do trabalho como atividade, permitindo uma queda compartilhada. Por fim, produzimos um manifesto antipsicológico acolhendo lutas antirracistas e antifascistas na atualidade, operando uma crítica às práticas da psicologia na política pública de saúde mental na relação com os riscos. Indicamos que as normalizações podem gerar modulações fascistas, apagando as diferenças e neutralizando os corpos que são silenciados nos diagnósticos, operando uma crítica que aposta na potência dos saberes localizados contra as pretensões universais. |