O poliencantamento do mundo por meio das organizações imediatistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Casagrande, Lucas
Orientador(a): Azevêdo, Ariston
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/189907
Resumo: Esta tese tem como problemática a de como se organizar sem sujeitar a própria vontade à ordem. Tal questão teórica se assume pertinente aos Estudos Organizacionais enquanto possibilidade de crítica à Administração gerencialista, mas também a toda ciência das organizações que se fecha no formalismo normativo. Se nega o método na forma ensaística. Critica-se a formulação burocrática do Estado em um primeiro momento, buscando seus críticos anarquistas, tais como Proudhon e Bakunin. Mas estes ainda entendiam o Estado como um ente externo. Aponta-se que tal diagnóstico deriva de um entendimento iluminista. Por isso se recorre à crítica ao essencialismo nos termos de Nietzsche. Sob tal epistemologia, não há verdade que preceda a realidade. Por outro lado, se nega o relativismo pós-moderno. Assim, vislumbra-se um perspectivismo que pressupõe a realidade como derivada da vontade de poder. A verdade é, assim, decorrente de relações de poder. Sob tal pressuposto, se analisa a ocorrência do desencantamento do mundo nos termos de Weber. Esse é compreendido como fruto da racionalização e da perda de sentido. O desencantamento, então, é tomado como a sujeição do indivíduo aos intérpretes da verdade, as autoridades. Historicamente se dá pela formação da religião, com os intérpretes do além mundo (os clérigos), para, com a secularização, consolidar-se no Estado. Tipifica-se tais autoridades enquanto enunciativas e institucionais. Essa formação da autoridade é a base organizativa do mundo moderno desencantado. Isso é, também, a base da mediação da vida, que atribui a entes externos a valoração (seja moral, seja econômica) das relações e das experiências. Dessa forma, se reconceitua o Estado enquanto ente de mediação que se pretende total. Tal ente transforma o indivíduo em ser. O desencantamento é entendido como o processo histórico que transmuta o indivíduo criador em Homo miserabilis que possui necessidades, conceito de Ivan Illich. Como alternativa e contraposição a este projeto se apresenta as Organizações Imediatistas. Trata-se do conceito de Hakim Bey que descreve organizações que não visam sua própria perenidade ou crescimento, mas sim que são meios para exercício da vontade dos indivíduos que as constituem. Tal conceito é descritivo da realidade quando se observa, na realidade, organizações como os encontros, os projetos coletivos horizontalizados e as zonas autônomas temporárias. Ao mesmo tempo, se argumenta que tais organizações existem e que compõem uma máquina de guerra, conceito de Deleuze e Guattari, contra as estruturas hierárquicas. Para isso, devem ser alheias à mediação e evitar a cooptação pela representação total, necessitando serem desapercebidas. Tais organizações não possuem um modelo, sendo plurais, evitando o decalque. Nesta multiplicidade, argumenta-se que se possibilita um poliencantamento do mundo.