Herdeiros da humanidade : o fenômeno sujeitos com autismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Marocco, Vanessa
Orientador(a): Dorneles, Malvina do Amaral
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/170330
Resumo: O presente estudo problematiza a afirmativa recorrente de que sujeitos com autismo possuem prejuízos ou mesmo não possuem linguagem. Com efeito, endosso a Tese de que os sujeitos com autismo podem ser compreendidos, a partir da linguagem, como um fenômeno e, assim, o fenômeno sujeitos com autismo pode mostrar-se como uma construção da espécie humana, com implicações dessa compreensão para a Educação. Baseada na perspectiva fenomenológica de Martin Heidegger, assumo a linguagem como um “caminho que se faz”. Essa expressão tem a ver com a possibilidade de fazer uma experiência com a linguagem e deixar que ela se mostre, não reduzindo ou simplificando tal noção. Metodologicamente, além da forma fenomenológica, trabalho com cinco noções heideggerianas — linguagem como linguagem, compreensão, dasein, disposição e fenômeno — e duas noções foucaultianas — sujeito e investimento político dos corpos. Ambos os autores potencializam a ideia de não naturalização dos padrões, bem como, mostram como nossas subjetividades passaram a ser gerenciadas. Para elucidar esse pensamento, analiso os seguintes materiais: setenta e quatro Diários de Campo, que mostram as disposições dos sujeitos com autismo na/como linguagem, contextualizados a partir da Educação e um Conjunto de Movimentos, que envolve a interdiscursividade sobre os sujeitos com autismo nos aspectos biológicos, políticos, sociais, econômicos e ambientais. A partir da análise desses materiais foi possível inferir que há um esmaecimento da linguagem na sociedade ocidental em virtude do poder da comunicação que a racionalidade atual valoriza e também uma tradição de lógicas permanentes da linguagem operando sobre diferentes saberes que constroem, em rede, novas subjetividades. Portanto, o fenômeno sujeitos com autismo emerge devido às intervenções humanas realizadas no planeta. Essas intervenções se deram através da invenção dos saberes e das transformações que estes geraram nos recursos que possibilitam a vida. O avanço do entendimento do fenômeno sujeitos com autismo não depende de nenhuma cura, mas de mostrarmos que tais sujeitos são herdeiros da humanidade. As implicações dessa compreensão para a Educação configuram a responsabilidade de criar oportunidades que não estejam fundamentadas apenas na comparação entre os sujeitos e igualmente de ressignificar os sentidos tradicionalmente instituídos, além de não naturalizar a patologização dos sujeitos com autismo.