A mulher negra e a escrita de resistência em Ponciá Vicêncio e Insubmissas lágrimas de mulheres, de Conceição Evaristo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Elen Karla Sousa da
Orientador(a): Conte, Daniel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/253886
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar a representação da mulher negra em narrativas de Conceição Evaristo. Ao longo desta pesquisa, analiso as obras Ponciá Vicêncio (2003) e Insubmissas lágrimas de mulheres (2016). As intempéries experienciadas pelas mulheres negras das narrativas são abordadas pelas diferentes formas de pensar a mulher negra sob a perspectiva interseccional, a partir da tríade gênero, raça e classe, e sob a perspectiva do pensamento feminista negro, visto que mulheres negras enfrentam problemas sociais produzidos por etnia, classe, gênero, idade, sexualidade, entre outros, chamando a atenção para o rompimento do silenciamento sobre a voz dessa mulher. Nestas narrativas, apresento o modo como as suas obras associam-se a uma perspectiva de resistência diante dos vários reveses que se apresentam às mulheres negras. Considero, então, que a literatura da autora se configura como espaço de resistência feminina negra e analiso como a autora utiliza suas narrativas como um lugar de empoderamento de suas personagens. Inicialmente, os textos apresentam-se como narrativas individuais, no entanto, no decorrer da leitura, observa-se seu caráter coletivo. Este trabalho de Tese é de cunho crítico-analítico, em que o texto literário assume a posição central em meio a sua multiplicidade de sentidos, contudo, considero algumas discussões teóricas significativas para a análise e compreensão do nosso corpus, tais como Carneiro (1985; 2005; 2008; 2011), Gonzalez (1982; 1983; 2019), Ribeiro (2017), Duarte (2017; 2018; 2019); Collins (2019), hooks (2018; 2019), Lorde (1984; 2019), Kilomba (2010; 2019), Perrot (1989; 2005; 2007), entre outras. Com base nas análises das narrativas selecionadas, constato que as personagens femininas, em ambas as obras, aprendem a ressignificar suas vivências em meio a dores e vínculos de amorosidade destroçados e assumem-se como sujeitos apesar de sua condição periférica. Elas não retornam ao mesmo lugar de gênese, mas subvertem o seu fim predeterminado e desse modo percorrem outras esferas reinventando e protagonizando novos enredos para si. A partir disso, concluo que as narrativas de Conceição Evaristo são desenvolvidas com o intuito de estabelecer uma visibilidade mais ampla às personagens negras do que às histórias que são narradas.