Adiponectina e doença renal, intervenção dietética, controle glicêmico e peso corporal em indivíduos com diabetes tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Marques, Camila Lemos
Orientador(a): Rodrigues, Ticiana da Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/234837
Resumo: A hiperglicemia crônica no diabetes mellitus tipo 1 (DM1) está associada com o desenvolvimento de retinopatia, neuropatia, doença renal do diabetes (DRD) e doenças cardiovasculares. Níveis séricos de hemoglobina glicada (HbA1c) abaixo de 7,0% evidenciam uma menor incidência dessas complicações micro e macrovasculares. Entre elas, a DRD acomete cerca de 30 a 40% dos indivíduos com DM1, e aqueles que avançam para o estágio terminal da DRD possuem um risco relativo de morte de 10,2 vezes comparado com pacientes com DM1 e sem DRD terminal. Estudos demonstram haver uma relação entre DRD e adiponectina, uma proteína sérica com efeito protetor aterosclerótico e de sensibilização à insulina, mas ainda há poucas evidências esclarecedoras na população com DM1. A fim de investigar uma possível identificação precoce de risco de DRD em pacientes com DM1, o objetivo do primeiro estudo da tese foi avaliar a associação entre adiponectina sérica e possíveis preditores clínicos e laboratoriais de perda de função renal e o desenvolvimento de diálise em uma coorte de indivíduos com DM1. Neste estudo, setenta e seis indivíduos (68.4% da amostra) progrediram com perda da função renal, entre estes, cinco apresentaram um declínio acentuado da taxa de filtração glomerular (TFG) por ano de pelo menos 5 mL/min/1.73m2 e iniciaram diálise. Estes indivíduos que iniciaram diálise durante o estudo, apresentavam na avaliação basal albuminuria aumentada, pior controle glicêmico, resistência à ação da insulina e níveis séricos de colesterol total mais elevados, comparado com o grupo que teve menor declínio da função renal. Sujeitos com níveis séricos de adiponectina elevados (≥22,6 μg/mL) demonstraram um declínio da filtração glomerular mais acentuado por ano (≥5 mL/min/1.73m²), além disso, o aumento da adiponectina demonstrou estar associado com risco de diálise mesmo após ajustes para idade de diagnóstico do DM1 (HR=1.08, p=0.002), controle glicêmico e TFG (HR=1.13, p=0.013), controle glicêmico, TFG e redução ≥3 mL/min/1.73m2 na TFG por ano (HR=1.09, p=0.035) e resistência à insulina (HR=1.09, p=0.009) e colesterol total e colesterol-LDL (HR=1.09, p=0.013). Este estudo demonstrou que níveis séricos de adiponectina elevados estão associados com uma perda de função renal acelerada em indivíduos com DM1. Sugerimos que valores de adiponectina acima do ponto de corte ≥22,6 μg/mL, pode ser considerado um fator de risco para o desenvolvimento de diálise em seis anos nessa população. Visto que o controle glicêmico é crucial na prevenção e no tratamento de complicações crônicas do diabetes, e que a dieta é um dos fatores que influenciam no manejo da glicemia e no estado nutricional do indivíduo, desenvolvemos um segundo estudo com objetivo de avaliar o efeito de diferentes dietas no controle glicêmico e no peso corporal através de uma revisão sistemática e meta-análise. Os resultados da meta-análise, que incluiu oito estudos randomizados controlados conduzidos durante o período de pelo menos três meses, mostraram que a dieta de contagem de carboidratos contribuiu para uma melhora do controle glicêmico, especialmente em crianças e adolescentes, sem efeito no peso corporal. Além disso, a dieta restrita em proteínas demonstrou não ter influência sob a glicemia em pacientes com DRD. Conclui-se que, com base na revisão sistemática e meta-análise, a dieta de contagem de carboidratos é a melhor alternativa para manter níveis adequados de HbA1c em crianças e adolescentes, sem evidenciar alteração de peso em indivíduos com DM1. Além disso, esta revisão sistemática mostrou que existem ainda poucas evidências que avaliem, através de ensaios clínicos randomizados, o impacto da dieta no controle glicêmico e que considere a adesão a dieta durante o estudo. Sugerimos em futuras pesquisas, a inclusão do questionário de qualidade de vida com intuito de associar benefícios de saúde e de satisfação com o padrão alimentar estudado.