Disfunção gastrintestinal aguda e parâmetros hemodinâmicos e de perfusão em pacientes com choque séptico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Klanovicz, Tamires Mezzomo
Orientador(a): Vieira, Silvia Regina Rios
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218996
Resumo: Introdução: Sepse é uma patologia prevalente e constitui uma situação de emergência médica, visto que pode evoluir para um quadro de choque séptico. Pacientes com choque séptico apresentam comprometimento hemodinâmico e de perfusão tecidual. O trato gastrointestinal (TGI) sofre redirecionamento do fluxo sanguíneo em situações de hipoperfusão, priorizando órgãos vitais. Nesse contexto, a hipoperfusão gastrintestinal pode representar um indicador de falha na ressuscitação de pacientes com choque séptico. A disfunção gastrintestinal aguda (DGA) é classificada pelo grupo de trabalho em problemas abdominais (WGAP) da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva (ESICM) a partir de um sistema que considera sintomas gastrintestinais e intolerância à dieta (<20 kcal/kg em 72 horas de tentativa) para o diagnóstico e definição de severidade. Objetivo: Esta dissertação tem por objetivo avaliar a associação da DGA na primeira semana de internação na UTI com parâmetros hemodinâmicos e de perfusão em pacientes com choque séptico. Materiais e métodos: Trata-se de uma análise retrospectiva de 163 pacientes adultos (≥ 18 anos) admitidos na UTI por choque séptico em ventilação mecânica e em uso de vasopressores, recrutados pelo protocolo de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o nº 16-0571. Foram excluídos da presente análise pacientes com patologias do trato gastrintestinal prévias à internação na UTI. Parâmetros hemodinâmicos e de perfusão (pressão arterial média, frequência cardíaca, débito urinário, lactato arterial, tempo de enchimento capilar, diferencial de temperatura central e periférica, dose de noradrenalina e escore de moteamento) foram avaliados na admissão (H0), 12 horas (H1), 24 horas (H2) e 48 horas (H3) de internação na UTI. A avaliação de DGA foi realizada de forma retrospectiva a partir dos registros do prontuário dos pacientes da primeira semana de internação na UTI. Dois grupos foram determinados: grupo risco/disfunção(grau I e II) e grupo falência gastrointestinal (grau III e IV). A prevalência de DGA foi descrita através de frequência absoluta e relativa e a severidade da DGA classificada conforme sistema WGAP-ESICM com graduação de 1-4. A identificação de fatores associados com DGA foi realizada a partir de regressão de Poisson. A variação temporal das variáveis hemodinâmicas e de perfusão em 48 horas e a severidade da DGA foi analisada através do modelo de equações de estimações generalizadas (GEE). O nível de significância adotado foi de 5% e as análises foram realizadas no software SPSS v.25.0. Resultados: 163 pacientes (63,93±14,36 anos; 60,7% homens; SAPS-3 76±13) foram inclusos no estudo durante o período de 19 meses e classificados de acordo com a severidade de DGA (grau I, 79 (48,5%); grau II, 64 (39,3%); grau III, 20 (12,2%)). Após categorização, 143 (87,8%) pacientes foram classificados no grupo risco/disfunção gastrointestinal e 20 (12,2%) no grupo falência. A região abdominal como sítio primário de infecção e o EM em 12 h após admissão foram identificados como fatores de risco para falência gastrointestinal. Além disso, uma tendência a significância foi identificada para falência gastrointestinal como fator de risco para mortalidade na UTI após ajuste para severidade da doença. Maior FC e EM foram verificados na admissão e menor PAM e DU após ressuscitação inicial (12 h) no grupo falência gastrointestinal. Ao longo de 48 h, o grupo risco/disfunção apresentou aumento na PAM, redução da dose de noradrenalina e na proporção de pacientes com TEC lentificado e presença de diferencial de temperatura. O grupo falência gastrointestinal não apresentou melhora significativa nos parâmetros avaliados, com exceção da FC (redução em 24 h) e dose de noradrenalina (redução em 48 h). Conclusão: O conjunto de dados desta dissertação sugere que a disfunção gastrointestinal é uma condição frequentemente observada na primeira semana de admissão na UTI, estando associada à severidade da doença e piores índices de parâmetros hemodinâmicos e de perfusão tecidual nas primeiras 48 horas de admissão.