Memórias de uma escola em greve : reminiscências de professoras do Instituto de Educação General Flores da Cunha - Porto Alegre/RS (1979-1990)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ozorio, Maria Beatriz Vieira Branco
Orientador(a): Almeida, Dóris Bittencourt
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/134672
Resumo: O presente artigo aborda as mobilizações de professoras, materializado nas greves do magistério público estadual do Rio Grande do Sul, no período compreendido entre 1979 a 1990. Para isso foi escolhida a Escola Estadual General Flores da Cunha, em Porto Alegre, entre outros motivos pela sua destacada liderança nas greves do período estudado, nas mobilizações da categoria, tendo como horizonte a efetiva participação das professoras no movimento grevista. A partir desse lugar, a pesquisa elege como principal corpus documental narrativas de memória de professoras da escola em questão que aderiram total ou parcialmente às greves dos anos 1979 e 1990. A metodologia da pesquisa é a História Oral, que foi desenvolvida a partir de entrevistas. Importa dizer que a investigação procura contextualizar as narrativas de memória em suas interfaces com o momento político vivido no país, especialmente, no Rio Grande do Sul. Nesta perspectiva, a abordagem da investigação não perde de vista as transformações ocorridas no magistério público diante de políticas públicas vigentes, destacando o papel do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS, que agregou o nome de sindicato a partir de 1989. No cruzamento de fontes, busca-se um maior entendimento acerca da temática da pesquisa ao ouvir as narrativas dessas mulheres-professoras, que atuando nas salas de aula, tiveram significativas e até decisiva participação nas greves do magistério A pesquisa se inscreve no campo da História da Educação e tem a História Cultural como vertente teórica. Pretende ouvir as experiências das professoras, a partir de suas memórias e vivências nos momentos de greve, seus silêncios, ou não ditos, procurando entrecruzar suas narrativas com os registros sindicais e notícias da imprensa local. A pesquisa busca conhecer as histórias dessas professoras que, não estando nas lideranças do movimento grevista, atuaram dentro das escolas, nas ruas e acampadas nas praças. Procura compreender seus sentimentos, seu olhar sobre o vivido e o sentido durante as greves. O estudo dialoga com a perspectiva de Michel Foucault sobre os homens infames, aqueles que durante séculos foram esquecidos por uma História que privilegiava as ações de uns, eleitos como merecedores de terem suas vidas narradas, destinando outros a um estado de marginalidade, de anonimato. Através das entrevistas, procuro trazer à tona este passado das greves em que foram sujeitos muitas mulheres-professoras. Esse ato de lembrar, afirma Lucilia de Almeida Neves, insere-se entre as possibilidades múltiplas de registro do passado, elaboração das representações e afirmação de identidades construídas na dinâmica da História. Não perdendo de vista a afirmação de Alistair Thomson, compomos nossas memórias para dar sentido à nossa vida passada e presente. Relembrar, revisitar as memórias atualizando o tempo passado, tornando-o vivo e cheio de significados no presente.