Análise inter-hemisférica das oscilações cerebrais e de correlatos neuroquímicos em ambos os sexos do modelo murino do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lara, Marcus Vinicius Soares de
Orientador(a): Porciuncula, Lisiane de Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
SHR
EEG
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/247748
Resumo: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, com a hiperatividade mais frequente em meninos e a desatenção mais frequente em meninas. Alterações no desenvolvimento cerebral e nos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico já foram reportadas como alterações fisiopatológicas no TDAH. Do ponto de vista funcional, é sugerido que alterações nas oscilações cerebrais entre os hemisférios podem desempenhar um papel na neurobiologia não só do TDAH, mas de transtornos psiquiátricos em geral. Porém, elas foram pouco estudadas abordando diferenças sexuais. Nosso objetivo foi investigar as alterações comportamentais e avaliar as assimetrias nas oscilações cerebrais e neuroquímicas em ambos os sexos em um dos modelos murinos mais utilizados para o estudo do TDAH, os animais SHR (ratos espontaneamente hipertensos, do inglês Spontaneously Hypertensive Rats). Ratos machos e fêmeas das linhagens do modelo do TDAH e controle Wistar Kyoto (KYO) foram submetidos à cirurgia para implantação de eletrodos superficiais para os registros eletroencefalográficos (EEG) entre os dias pós-natal (DPN) 48-52. Após 7 dias de recuperação, nos DPN 55-59, foram realizados os registros do EEG concomitantemente com a análise da atividade locomotora e exploratória pela exposição ao aparato de campo aberto por 20 minutos. Após a realização da tarefa, os animais foram eutanasiados e foram avaliados os imunoconteúdos do transportador de dopamina (DAT), do transportador de noradrenalina (NET) e da proteína sináptica sinaptofisina, e de forma separada nos hemisférios cerebrais direito (HD) e esquerdo (HE) do córtex frontal e do hipocampo. Os dados foram analisados por ANOVA de duas vias, por teste t pareado ou pelo teste de Wilcoxon. Os animais SHR apresentaram um aumento da distância percorrida e da velocidade média no campo aberto, além de maior número de paradas, rearings e groomings. No EEG, as fêmeas SHR exibiram maior potência de ondas alfa, beta e gama no HD do córtex frontal em relação ao HE. O imunoconteúdo de NET dos ratos KYO de ambos os sexos apresentou aumento no HD do córtex frontal em relação ao HE, e nenhuma outra assimetria foi encontrada para o córtex frontal e hipocampo de ambas as linhagens. As assimetrias encontradas no padrão do EEG nas fêmeas do modelo animal do transtorno são descritas nas comorbidades envolvendo transtornos de humor, como depressão e ansiedade. Estes achados podem corroborar com os dados clínicos em que meninas diagnosticadas com TDAH apresentam transtornos de humor como comorbidades com uma maior frequência que meninos. Nossos resultados revelaram dimorfismo sexual nas assimetrias das oscilações cerebrais no modelo do TDAH. Entretanto, os sistemas de neurotransmissão mais afetados no TDAH não apresentaram assimetrias e, portanto, é fundamental para a compreensão da heterogeneidade dos sintomas conhecer o substrato neurobiológico envolvido nessas alterações eletroencefalográficas observadas nas fêmeas do modelo do TDAH. Nossos dados sugerem que as diferenças de sexo presentes no TDAH podem ser influenciadas por assimetrias cerebrais e reforçam a necessidade de futuras investigações sobre o fenótipo.