Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Gonçalves, Francine Guimarães |
Orientador(a): |
Heldt, Elizeth Paz da Silva |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/118329
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Resumo: |
O bullying é um problema comum entre jovens em idade escolar, nos diferentes países, culturas e níveis socioeconômicos. Trata-se de um comportamento agressivo, ofensivo, repetitivo e frequente, perpetrado por uma pessoa contra outra ou por um grupo contra outros, com a intenção de ferir e humilhar, estabelecendo-se uma relação desigual de poder. O envolvimento com bullying está associado a pior ajustamento psicossocial, problemas de aprendizagem, evasão escolar ou de trocas frequentes de escolas, entre outros. Embora o comportamento de bullying seja multicausal, ainda são escassos estudos que avaliem a relação entre habilidades sociais de adolescentes e bullying. Um dos aspectos que dificultam a realização de pesquisas nessa área está relacionado à falta de instrumentos validados. Os objetivos do presente estudo são verificar a validade de constructo do Questionário de Bullying de Olweus (QBO) versão agressor e versão vítima e verificar a associação entre habilidades sociais e bullying em adolescentes. Trata-se de um estudo com alunos de ambos os sexos, oriundos de escolas da rede pública de Porto Alegre, do 5º ao 9º ano do ensino fundamental, com idade entre 10 e 17 anos. Para verificar o envolvimento com bullying, utilizou-se o QBO, com 23 questões para versão vítima e 23 para versão agressor com quatro opções de resposta (1=nenhuma vez a 4=várias vezes por semana). A validade de constructo foi verificada com a Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizando-se o modelo de resposta gradual e o crédito parcial generalizado. As habilidades sociais foram avaliadas com o Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes (IHSA), que é validado no Brasil. Para verificar a associação entre bullying e habilidades sociais, o critério de idade foi de 12 a 17 anos, conforme a recomendação do IHSA. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (CAAE 19651113.5.0000.5338). Os instrumentos, ambos de autorrelato, foram respondidos pelos adolescentes no horário de aula e após a autorização dos pais. Os resultados estão apresentados em dois artigos. No primeiro, foi incluído um total de 703 adolescentes, sendo 380(54%) meninas, com média de idade de 13(DP=1,58) anos. Após a análise para a construção dos escores finais do QBO pelo modelo da TRI, observou-se que a probabilidade de um adolescente responder à opção 3 (uma vez por semana) é zero para ambas as versões. De acordo com as curvas característica do item (CCI), optou-se pela unificação das alternativas 3 e 4 para mensuração mais fidedigna a realidade do comportamento de bullying. Os itens com maior discriminação para classificar como vítima foram, respectivamente, 20 (Disseram coisas maldosas sobre mim ou sobre a minha família); 15 (Fui perseguido[a] dentro ou fora da escola) e 3 (Me ameaçaram). Na versão agressor, os itens com maior discriminação foram, respectivamente, 22 (Forcei a agredir outro[a] colega); 15 (Persegui dentro ou fora da escola) e 3 (Fiz ameaças). No segundo artigo, foram incluídos 467 alunos, sendo 245(52,5%) do sexo feminino, com média de idade de 13,3(DP=1,18) anos. Considerando-se a interação habilidades sociais e sexo, as meninas apresentaram associação significativa com menor frequência do autocontrole (p=0,010) e da civilidade (p=0,031) e maior dificuldade das habilidades de autocontrole (p=0,033) e desenvoltura social (p=0,009). Em relação aos tipos de envolvimento com bullying, 59(12,6%) dos adolescentes classificaram-se como vítima, 60(12,8%) como agressores e 175(37,5%) como agressores vítimas. Observou-se associação significativa entre as meninas vítimas de bullying e maior dificuldade na habilidade de empatia comparada aos meninos (p=0,012) e aos demais tipos de bullying (p=0,022). Também foram as vítimas, independentemente do sexo, que apresentaram maior dificuldade em termos de autocontrole, assertividade, abordagem afetiva e o total das habilidades sociais em comparação aos não envolvidos (p<0,05). Os resultados sugerem que a utilização da TRI permite a construção de uma medida de avaliação mais objetiva e precisa do comportamento de bullying. Por meio da validação de constructo do QBO e da associação com habilidades sociais, o estudo demonstrou que existe um importante déficit de determinadas habilidades sociais nos diferentes tipos de envolvimentos com bullying, principalmente entre as vítimas, quando comparadas aos não envolvidos. Portanto, intervenções que incluam técnicas para melhorar as habilidades sociais podem desempenhar um relevante papel preventivo no envolvimento com bullying no ambiente escolar. |