Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2003 |
Autor(a) principal: |
Eustachio, Alberto Riella |
Orientador(a): |
Santos, José Vicente Tavares dos |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/198367
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Resumo: |
Esta pesquisa parte da constatação de que no Uruguai vinha se produzindo, desde as últimas duas décadas, um paulatino aprofundamento de um modelo social de acumulação que privilegia a abertura econômica e a globalização num marco crescente de integração regional. A implementação desse modelo deu lugar a um processo conflituoso nas dimensões materiais e simbólicas da sociedade que está conduzindo a uma reestruturação econômica, social e política do país e a uma decisiva modificação das relações de poder na construção do Uruguai contemporâneo. No entanto, essas mudanças não são lineares, adotando, pelo contrário, diversas manifestações e significados em cada um dos múltiplos espaços da sociedade. Nosso projeto procurou abordar as manifestações assumidas pelo referido processo no que denominaremos o "campo social agrário". Particularmente, pretendemos colocar ênfase na análise das estratégias de reprodução simbólica desenvolvidas pelos agentes coletivos da fração pecuária da burguesia agrária, visando também mostrar a eficácia atingida pelas mesmas no seu propósito de impor como legítima sua "visão do mundo rural" e suas "explicações" sobre a atual situação da sociedade rural. Procurou-se explorar como -mediante conflitos e lutas simbólicas- esses agentes incrementaram seu poder e legitimidade para determinar as políticas agrárias, assegurando, em longo prazo, sua reprodução social e contribuindo para legitimar o atual modelo de acumulação e seus impactos na sociedade rural. Em termos teóricos, partimos das contribuições de Bourdieu, utilizando-as para construir nosso objeto de estudo. Para esse autor, as "coisas" do mundo social podem ser percebidas e exprimidas de diversas formas, pois sempre existe uma margem de imprecisão e de indeterminação das mesmas que dá lugar a um certo grau de "elasticidade semântica". Portanto, o que se encontra em jogo nas lutas simbólicas é a imposição de uma visão particular do mundo social como a única visão legítima do mesmo. Quem consegue impor-se nessa luta detém um poder simbólico, conio, por exemplo, o poder de impor e inculcar os princípios de construção da realidade e, especificamente, de preservar ou transformar os princípios estabelecidos de união e separação, de associação e dissociação que operam no mundo social. Destas considerações deriva um dos pressupostos centrais de nossa pesquisa: a verdade do mundo social é o que se encontra em jogo nas lutas simbólicas, lutas para as quais os agentes estão desigualmente equipados. A pesquisa de tese desenvolve esses assuntos em oito capítulos agrupados em quatro partes. As principais evidências empíricas e sua codificação são apresentadas em três anexos num volume separado. Na Parte I, o capítulo introdutório expõe os objetivos do estudo, a justificativa e importância do tema tratado, o problema de pesquisa, as hipóteses e a estratégia metodológica. O segundo capítulo consiste numa revisão teórica sobre a relevância da dimensão simbólica no pensamento sociológico e sua utilidade para a análise dos conflitos sociais e das relações de poder. Na Parte II são reunidos os capítulos que analisam a conformação histórica do campo agrário no Uruguai. No capítulo três são resenhadas as origens das organizações pecuárias, seus conflitos e negociações com os partidos políticos e o campo de poder. No quarto capítulo são analisadas as mudanças e permanências na evolução da estrutura agrária durante o século XX. A Parte III contém os capítulos referidos às estratégias das agremiações pecuárias e a suas lutas simbólicas com·os diferentes Governos do Uruguai pós-ditadura (1985 a 1999). No capítulo quinto é estudado o conteúdo dos discursos das agremiações e os principais componentes de sua estratégia simbólica. O sexto capítulo analisa a relação dos criadores de gado com cada um dos três governos do período. Na Parte IV, o capítulo sete estuda o conflito dos criadores de gado com as organizações dos trabalhadores rurais, a visão dos partidos políticos sobre o Setor Agrário e os conflitos na construção do Mercosul como novo cenário regional das lutas agrárias. Por último, nas conclusões, realiza-se uma síntese à luz das evidências empíricas apresentadas no decorrer da pesquisa, propondo-se um olhar retrospectivo em relação ao papel dos criadores de gado no novo cenário nacional e regional. |