Rede social, estado mental e contratransferência : estudo de uma amostra de velhos da região urbana de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: Eizirik, Claudio Laks
Orientador(a): Chaves, Marcia Lorena Fagundes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/197694
Resumo: O crescimento constante da população de velhos estabelece novos desafios para o conhecimento médico, psiquiátrico e neurológico, que necessita identificar a prevalência de quadros clínicos, estabelecer características de sua etiologia, contexto sócio-econômico e evolução e propor adequadas medidas preventivas e terapêuticas. O presente estudo objetiva avaliar a rede social de uma amostra de velhos da área urbana de Porto Alegre, correlacionando-a com sintomas depressivos, desempenho cognitivo e condições de saúde física, bem como avaliar as relações de gênero e de idade com as características da rede social, o estado mental atual e a saúde física. Propõe-se, ainda, a identificar a freqüência de déficit cognitivo, sintomas depressivos, transtorno mental e Depressão Maior, e as reações emocionais dos entrevistadores, despertadas no contato com os velhos entrevistados. A amostra consistiu de 344 pessoas com 60 anos ou mais de idade, dos quais 70,3% eram mulheres e 29,7% homens, residentes nos bairros Santana, Santa Cecília e Rio Branco, escolhidos por amostragem aleatória sistemática. Foram utilizados, como instrumentos, o Questionário sobre condições de saúde e rede social, o Mini-Mental State Form, a Escala de Montgomeiy -Asberg, o Self Reporting Questionnaire (SRQ), o Check-list do DSM-III-R e a Escala para Avaliação de Contratransferência. Os resultados principais revelaram que a rede social desta amostra tem tamanho satisfatório e é considerada eficaz; 78,2% dos entrevistados referem ter pelo menos um confidente. Os homens têm maior escolaridade e renda, são predominantemente casados e mencionam as esposas como as principais confidentes. As mulheres vivem predominantemente sós, têm mais confidentes, fazem mais uso das redes sociais, têm nos filhos os principais confidentes e sentem-se mais sós que os homens. A freqüência de déficit cognitivo é de 24,7%, de sintomas depressivos 21,5% e de Depressão Maior 4,7%. O déficit cognitivo aumenta com a idade. Quanto maior a escolaridade e a renda, menor o déficit cognitivo. As pessoas que não podem sair de casa têm mais sintomas depressivos. Depressão Maior e déficit cognitivo. Não foram observadas associações significativas entre os várioscomponentes da rede social e aspectos de saúde física, sintomas depressivos e déficit cognitivo. Contudo, verifica-se a presença de associação entre não ter companheiro (a) e níveis mais elevados de sintomas depressivos. Os sentimentos de aproximação predominam sobre os de afastamento e indiferença, e crescem ao longo das entrevistas. As mulheres entrevistadas despertam mais aproximação nos entrevistadores. As entrevistadoras sentem-se mais próximas das entrevistadas. Os entrevistadores manifestam mais indiferença, tanto em relação aos homens quanto às mulheres. Foram constatadas várias diferenças relacionadas com o gênero - nos dados demográficos, na saúde física, na rede social e na contratransferência - que podem ser relacionados com fatores sociais, culturais, econômicos e emocionais que caracterizam a geração a que pertencem os velhos desta amostra.