Lesões cariosas oclusais em molares permanentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Zenkner, Julio Eduardo do Amaral
Orientador(a): Maltz, Marisa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/102541
Resumo: Objetivos: O objetivo geral desta tese foi estudar o comportamento clínico da cárie dentária em superfícies oclusais de molares permanentes. Ela é composta por três estudos cujos objetivos específicos foram: (1) Avaliar a acurácia e reprodutibilidade de um índice visual para o registro do acúmulo de biofilme em superfícies oclusais; (2) Avaliar o efeito independente do acúmulo de biofilme e do estágio eruptivo na atividade de cárie em superfícies oclusais de molares permanentes; e (3) Comparar as taxas de incidência/progressão de cárie em superfícies oclusais hígidas e lesões cariosas inativas bem como avaliar o risco de progressão de cárie nestas superfícies. Metodologia: Avaliou-se visualmente o acúmulo de biofilme nas superfícies oclusais de 80 molares permanentes de acordo com os escores a seguir: 0 = sem biofilme visível; 1 = biofilme dificilmente detectável nas fossas e fissuras; 2 = biofilme facilmente detectável nas fossas e fissuras; 3 = superfície oclusal parcialmente ou totalmente coberta por biofilme espesso. As avaliações clínicas foram executadas três vezes, sem uso de evidenciador no primeiro e no segundo exames e usando fucsina a 7% na terceira observação. Reprodutibilidade intra-examinador, sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo e negativo e acurácia foram calculados, utilizando o exame com fucsina como o padrão ouro. Estas medidas diagnósticas foram calculadas para cada escore do índice original e para o índice dicotomizado de acordo com a presença de biofilme espesso (0 + 1 versus 2 + 3). Na linha de base, 298 escolares entre 6 e 15 anos tiveram seus molares permanentes examinados com relação ao estágio de erupção (1 = superfície oclusal parcialmente erupcionada; 2 = superfície oclusal totalmente erupcionada e mais da metade da superfície vestibular coberta por tecido gengival; 3 = superfície oclusal totalmente erupcionada e menos da metade da superfície vestibular coberta por tecido gengival; 4 = dente em oclusão funcional), acúmulo e localização de biofilme, conforme o critério descrito anteriormente e presença e localização de lesões cariosas ativas nas superfícies oclusais. Para ser incluído no estudo longitudinal, os escolares deveriam ser classificados como cárie-inativos e apresentar pelo menos um molar permanente hígido e um molar permanente com lesão cariosa inativa (n=258). Após 12 meses, novo exame clínico foi realizado conforme o exame inicial (estágio de erupção, acúmulo de biofilme, presença de cárie ativa). Em ambos os exames, a exata localização das lesões cariosas foram registradas em esquemas das superfícies oclusais a fim de garantir o monitoramento da mesma lesão ao longo do tempo. A análise estatística utilizou equações de estimativas generalizadas com ligação logística tendo em vista a presença de dados aglomerados. Odds ratio (OR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram estimados. As taxas de incidência/progressão de cárie em superfícies oclusais hígidas e lesões cariosas inativas foram comparadas através do teste do qui-quadrado. Resultados: As análises repetidas demonstraram que o índice avaliado é reprodutível (k=0.8). A dicotomização a partir da presença ou ausência de biofilme espesso obteve sensibilidade, especificidade, acurácia e valores preditivos positivo e negativo ≥ 0.95. Foi observada uma associação significativa entre atividade de cárie e estágio eruptivo de molares permanentes. Ajustado para o acúmulo de biofilme, os molares em erupção apresentaram um risco de apresentar lesões cariosas ativas significativamente maior do que os molares em oclusão funcional (estágio eruptivo 1, OR=63,3, IC 95%=22-183,7; estágio eruptivo eruptivo 2, OR=14,9, IC 95%=7,1-31,2; estágio eruptivo 3, OR=4,1, IC 95%=2-8,4). Ajustado para o estágio eruptivo, os dentes com biofilme facilmente detectável foram mais suscetíveis à atividade de cárie do que os dentes sem biofilme visível (grau 2, OR=5,5, IC 95%=2,5-12,3; grau 3, OR=14,5, IC 95%=6,5-32,4). No estudo longitudinal, 200 escolares foram reexaminados após 12 meses (taxa de perda de 22,5%). Foram encontradas pequenas taxas de progressão das lesões cariosas inativas (3,9%) e incidência nas superfícies hígidas (2,6%) ao longo de 12 meses, não tendo sido encontrada diferença entre os grupos (qui-quadrado, p=0,48). Ajustado para o acúmulo de biofilme, estágio eruptivo, tipo de molar e arco, as lesões cariosas inativas apresentaram um risco à progressão similar às superfícies oclusais hígidas (OR=0,98, IC 95%=0,40-2,38). A presença de biofilme facilmente detectável (graus 2 + 3) na superfície oclusal foi o único preditor da incidência e progressão de cárie após 1 ano (OR=2,73, IC 95%=1,01-7,41). Conclusões: Acúmulos de biofilme em superfícies oclusais de molares permanentes podem ser visualmente avaliados de modo acurado e reprodutível. O uso de um corante evidenciador pode não ser necessário. O período de erupção dos molares permanentes pode ser visto como um período de risco para o desenvolvimento de lesões cariosas ativas em crianças e adolescentes. Superfícies oclusais com lesões cariosas inativas não requerem atenção adicional àquela normalmente dispensada às superfícies oclusais hígidas em um período de 12 meses.