Um mapa da vida cultural no Rio Grande do Sul : análise do caderno Cultura, de Zero Hora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Keller, Sara
Orientador(a): Golin, Cida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/49415
Resumo: Esta dissertação busca compreender a representação da vida cultural local proposta pelo suplemento semanal Cultura, de Zero Hora, considerando que o jornalismo tem o poder de instituir valores, reforçar consensos e registrar tendências de uma época, e que o suplemento é um espaço que foge da lógica diária, concentrando supostamente o que de mais relevante acontece na área cultural. Para atingir os objetivos propostos, foram utilizados análise de conteúdo e um corpus de 52 edições do caderno publicadas em 2010, totalizando 422 textos. Buscou-se identificar critérios de noticiabilidade, referências espaciais e temporais, temas, gêneros e colaboradores presentes no suplemento; apontar os valores que a publicação estabelece para definir o que é ser culto; e vislumbrar o mapa do sistema cultural proposto por ela. Também foi realizada uma entrevista em profundidade com seu atual editor, Luiz Antônio Araujo, a fim de melhor compreender o contexto de produção. Os resultados indicaram a predominância de atualidade, notoriedade e proximidade entre os valores-notícia; de textos opinativos entre os gêneros; de literatura e livros entre os temas, seguidos por música e história; e professores universitários, agentes culturais e jornalistas entre os colaboradores. No desenho da vida cultural delineado pelo Cultura são valorizados temas e discussões atuais e próximos do leitor, buscando uma identificação entre público e jornal. Um aspecto essencial da cobertura é o prestígio construído pelo caderno ao reafirmar a crença do campo em certos agentes notórios. Mesmo tendo apresentado uma predominância de assuntos internacionais, o veículo mostrou seguir a linha editorial de Zero Hora ao considerar a perspectiva local o norte da cobertura, já que a origem da maioria dos colaboradores é o RS. O caderno parte de um conceito de cultura que privilegia as manifestações artísticas tradicionais, enfatizando suas versões clássicas, ao mesmo tempo em que expande seu escopo acolhendo outros temas. Também funciona seguindo a lógica do consumo de produtos culturais, abundantes em um mercado de fluxo contínuo, relacionando-o ao aperfeiçoamento intelectual do leitor e à distinção que pode ser alcançada por meio dele. No Cultura, o jornalismo atua como espaço de mediação entre o público e o sistema cultural, aproximando leitor e campos especializados. Nesse processo atua a figura do editor que, ao julgar e hierarquizar temas e discussões, define o que o suplemento deixará para a história. Foram destacadas instâncias consagradoras como o saber legitimado, a crítica, a divulgação e o consumo, a criação e os agentes especializados.