Transtornos mentais na infância e adolescência : uma proposta de ação – identificando adolescentes em risco para depressão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rocha, Thiago Botter Maio
Orientador(a): Kieling, Christian Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196887
Resumo: Os transtornos mentais na infância e na adolescência têm recebido mais atenção ao longo das últimas décadas. Apesar do reconhecimento que uma parcela substancial dos transtornos psiquiátricos tem suas origens nos períodos iniciais do desenvolvimento, a oferta de tratamento adequado para essa população ainda é bastante deficitária. O presente trabalho busca trazer à discussão o atual cenário global da oferta de tratamento em saúde mental para crianças e adolescentes, não apenas identificando os principais fatores envolvidos na preocupante situação atual, mas também descrevendo ações para potencialmente reduzir a magnitude desse cenário. No primeiro artigo do presente estudo, uma revisão sobre o panorama atual do atendimento oferecido para crianças e adolescentes com problemas de saúde mental ao redor do mundo é descrita. No segundo artigo componente deste estudo, uma estratégia para identificação precoce dos adolescentes com maior risco de desenvolvimento de transtorno depressivo, maior causa de incapacidade nessa faixa etária, é proposta. Os resultados do estudo #1 apontam que limitações na disponibilidade de recursos estruturais e humanos para o atendimento da população de crianças e adolescentes, associadas à reduzida capacitação em atendimento em saúde mental dos profissionais disponíveis impõem restrições importantes na adequada oferta de atendimento especializado para essa carente faixa etária ao redor do mundo. Ainda, a qualidade da assistência oferecida àqueles que conseguem acessar o sistema mostra-se aquém da necessária em sua maioria, limitando o potencial impacto preventivo ou ao menos atenuante que a intervenção precoce poderia obter. Estratégias inovadoras implementadas ao redor do mundo voltadas a amenizar o atual panorama são apresentadas, nas quais a melhor caracterização dos grupos de maior risco são evidenciadas como essenciais para efetividade das medidas. A identificação daqueles com risco elevado para desenvolvimento de transtornos mentais poderia auxiliar na definição de prioridades para prevenção e tratamento precoce, tendo em vista o atual cenário de escassez de recursos humanos e financeiros. No artigo #2, seguindo as mais recentes recomendações metodológicas e estatísticas do campo da medicina preditiva, o desenvolvimento e validação de um modelo preditivo para transtorno depressivo maior em jovens, principal contribuinte para a carga de doença 9 nessa faixa etária, mostrou-se viável, com resultados de discriminação e calibração adequados para uma amostra de adolescentes brasileiros sem evidência de transtornos depressivos (C-statistic = 0,78). A avaliação de seu desempenho em duas populações provenientes de contextos socioeconômicos e culturais distintos da amostra original, com elevada heterogeneidade entre elas, apontou que adaptações para melhor incorporar a diversidade entre os diferentes cenários estudados viabilizam maior potencial de utilidade clínica do modelo desenvolvido, ampliando sua possibilidade de aplicação em diferentes contextos. A situação global do cuidado ofertado a crianças e adolescentes com problemas de saúde mental é preocupante, e ações imediatas se fazem necessárias. Estratégias que integrem o mais alto rigor científico com a preocupação na translação do conhecimento obtido para benefícios reais na população devem ser tidas como prioritárias.