Produção do sujeito jovem infrator nos abrigos de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Winkelmann, Fernanda Martins da Silva
Orientador(a): Guareschi, Neuza Maria de Fátima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/193906
Resumo: Essa pesquisa foi produzida a partir de experiências de trabalho nos abrigos da política pública de assistência social, administrados por entidades religiosas, da cidade de Porto Alegre /RS. A existência de abrigos específicos, com atendimento diferenciado para jovens do sexo masculino que se envolveram em atos infracionais, impulsionou a realização desta pesquisa. Em um primeiro capítulo, foram analisados os fatores da trajetória geográfico-histórica do município voltados para o governo da juventude pobre, que possibilitaram a existência das atuais práticas de acolhimento institucional. No segundo capítulo foi feita a análise do documento Projeto Figueira (2007), que regulamenta o modo de atendimento nos abrigos da rede de assistência social de Porto Alegre/RS, em conjunto com relatos produzidos em diário de campo durante o acompanhamento de jovens que foram acolhidos nos abrigos específicos. Conforme a análise, esta modalidade de acolhimento institucional com público diferenciado opera dois deslocamentos na noção de sujeito de direito do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): o jovem que demanda proteção torna-se virtualmente perigoso para os demais acolhidos; o atendimento que demanda proteção e cuidado por situação de vulnerabilidade social torna-se um modo de correção e punição da juventude pobre. No terceiro capítulo foram discutidos os modos de gestão da juventude em abrigos, elegendo-se como materialidades de pesquisa o diário de campo, a narrativa da disposição arquitetônica dos abrigos e as legislações voltadas para o acolhimento institucional infanto-juvenil. A escrita através da narrativa possibilitou a articulação dos materiais, movimentando os operadores de pesquisa que compõe a divisão de subcapítulos: medicalização, patologização e periculosidade. Neste último capítulo, a narrativa da trajetória de acolhimento institucional de Porto Alegre acompanha o modo como se produzem juventudes consideradas perigosas e como o atendimento em abrigos específicos convida a ser cumprida uma profecia autorrealizável: o acolhido torna-se um sujeito criminoso ou morre jovem, ou as duas opções, ao mesmo tempo.