"Redesenhando margens para que a água limpa comece a chegar" : imaginários sociotécnicos e o processo de reparação ambiental da bacia do rio Doce

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Van Leeuven, Leonardo Guilherme
Orientador(a): Fleury, Lorena Cândido
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/221896
Resumo: Este estudo analisa os imaginários sociotécnicos presentes no processo de reparação ambiental da bacia do Rio Doce relacionado ao rompimento da barragem de Fundão. No dia 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, de propriedade da empresa Samarco (Vale S.A. e BHP Billiton) rompe, estabelecendo um dos maiores desastres sociotécnicos do mundo. Em março de 2016, com a intenção de liderar e mediar o processo reparatório, é criada a Fundação Renova. Nesse contexto, esta pesquisa buscou compreender – com base nos futuros imaginados pelos técnicos da Renova – como a ciência e a técnica produzem e reordenam a vida social a partir da reparação. O estudo encontra-se inserido no campo de pesquisa denominado como Estudos Sociais das Ciências e Tecnologias, sendo que se tomou como ponto de partida teórico a abordagem coproducionista, como descrita por Jasanoff (2004), tendo como principal marco analítico o conceito de imaginários sociotécnicos, desenvolvido pela mesma autora e Sang Hyun Kim (2009; 2015). As análises foram realizadas com dados contidos em documentos, os quais estruturam e institucionalizam a reparação, nos dados coletados por meio de entrevistas, realizadas com um grupo de técnicos da Renova, bem como em dados que surgiram no processo de observação. Considerando as formalizações que atravessam os três principais acordos jurídicos (TTAC; TAP; e TACG), os quais contribuem para a institucionalização do processo reparatório, é possível inferir que a reparação – da forma como é disposta originalmente – coproduz e reflete um imaginário sociotécnico que traduz a ciência como agente principal para a recuperação de um mundo que foi destruído. Foi possível desenhar, a partir dos resultados, que os imaginários que produzem a reparação estão vinculados à projeção de uma situação anterior ao desastre, a qual visa balizar as ações de reparação. Tais ações, por sua vez, devem respeitar as consequências produzidas pelo evento. Contudo, a partir da agência dos técnicos envolvidos, é possível perceber que a situação anterior não deve, necessariamente, servir como ideal para a reparação. Mesmo assim, os imaginários compartilham uma confiança sobre a capacidade da ciência e da tecnologia para a produção de um futuro ideal para a bacia do Rio Doce.