Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Bussular, Camilla Zanon |
Orientador(a): |
Antonello, Cláudia Simone |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/180841
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Resumo: |
O objetivo central da tese foi compreender como se configura a aprendizagem nos processos organizativos de desastres. Realizei uma pesquisa qualitativa à luz da teoria ator-rede como inspiração teórico-metodológica, a partir do crime-desastre da Samarco/Vale/BHP Billiton ocorrido em novembro de 2015. Na primeira discussão teórica da tese, busquei aproximar processualmente os atos de organizar e aprender, por meio do conceito de aprendizagem organizativa. Na segunda discussão teórica, analisei as questões contemporâneas sobre a temática dos desastres do Brasil, propondo que os desastres são efeitos disruptivos em uma rede de relações heterogêneas, desiguais, atemporais e multiterritoriais, sendo as vulnerabilidades e os perigos constituídos relacionalmente. A pesquisa foi constituída por uma fase preliminar/exploratória e três momentos de imersão no campo: na etapa preliminar realizei um aprofundamento empírico sobre os desastres, especialmente a partir de experiências brasileiras; os três momentos de imersão foram no caso do desastre das empresas, com enfoque para os desdobramentos do desastre no Estado do Espírito Santo. Ao longo do primeiro ano do desastre-crime da Samarco/Vale/BHP, coletei e analisei 1.297 documentos, entrevistas (formais e informais) e registros em diários de campo. Todos os dados foram inseridos no software de análise qualitativa Atlas.ti. A metodologia e a análise dos dados foram realizadas a partir do mapeamento das principais controvérsias que emergiram das relações entre os atores do estudo, uma das possibilidades da teoria ator-rede enquanto método e que se constitui uma das contribuições desta pesquisa A partir das discussões teóricas e empíricas, foi possível observar que os desastres geram uma latência organizativa, que se constitui num estado abstrato e transitório de disposição para aprender a organizar. Essa latência impulsiona os processos de aprendizagem organizativa, que são os modos de cooperar e se fazer coletivamente, em movimento e instáveis, cognoscíveis pelo aprender e pelos saberes-em-ato (knowing); eles são estabelecidos numa rede de relações heterogêneas em múltiplas formas de espacialidades, podendo se inscrever e formar uma tessitura de práticas, sendo que as condições de possibilidades para a sua realização e participação não são dadas, podendo também servir como um meio para superar, combater as desigualdades, e formar outros fazeres e práticas. Pelas imersões de campo, foi possível analisar que os processos de aprendizagem organizativa se configuraram de modo excludente, nos quais alguns atores (como os sujeitos atingidos pelo desastre das empresas) foram ausências-presentes nesses processos. Dada a dinâmica formada pela exclusão e pelas tensões originadas nos conflitos, desigualdades e divergências (controvérsias), os processos organizativos se tornaram múltiplos, oportunizando que os sujeitos excluídos de algumas práticas organizativas pudessem aprender a se organizar em outras relações, para superar e combater as desigualdades geradas nos desastres. |