Contribuição à classificação clínica e histopatológica dos melasmas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Ponzio, Humberto Antonio Salomon
Orientador(a): Bakos, Lucio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Luz
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/158599
Resumo: O melasma é uma hipermelanose adquirida que incide, predominantemente, na face e em mulheres. Pode estar associado à gravidez e ao uso de anticoncepcionais orais, porém a maior parte dos casos é de etiologia desconhecida, e todos são exacerbados pela exposição às radiações solares não ionizantes. Pelos níveis de concentração de melanina à histopatologia, os melasmas têm sido classificados em epidérmicos e dérmicos e, pela topografia de suas lesões, em centrais e periféricos. OBJETIVOS - A partir de uma série histórica de melasmas em mulheres, selecionados no arquivo do Setor de Anatomia Patológica do Serviço de Dermatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, desenhou-se um estudo transversal, com o objetivo de classificá-los, clínica e histopatologicamente, pela análise da distribuição dos depósitos dérmicos de melanina, grupando-os conforme características dessa distribuição. MATERIAL E MÉTODO - Identificados os casos de melasma, foram separados as lâminas histológicas, os blocos de parafina e os prontuários clínicos de cada doente selecionada. Novas lâminas foram preparadas, sempre na dependência de material suficiente no bloco, e coradas pela hematoxilina-eosina e pelo método de Schmorl. O total de casos selecionados constituiu a amostra original (N1); a segunda amostra (N2) foi composta pelos casos em que foi possível a obtenção de novos cortes histológicos. A quantificação da melanina na derme foi determinada pelos índices de concentração desse pigmento na derme superficial e na reticular, e pelo de densidade, que refletiu o tamanho dos grumos encontrados. A quantidade de melanina foi expressa por um índice, a que se convencionou chamar índice de concentração dérmica de melanina (ICDM), obtido por uma fórmula empírica, baseada na média ponderada das medianas dos índices parciais obtidos. Distribuídos pelo ICDM, os casos foram classificados em epidérmicos (baixos índices) e dérmicos (altos índices). O ponto de corte que dicotomizou o grupo assim determinado, foi obtido na amostra N1 e correspondeu ao percentil de melasmas epidérmicos, pela classificação histopatológica realizada, caso a caso, por ocasião da respectiva biópsia. RESULTADOS - A amostra N1 foi constituída por 73 casos, e a N2, por 50. Na N1, os casos foram distribuídos pela freqüência, segundo a faixa etária, a cor da pele, a profissão, o tempo de evolução do melasma, a idade de ocorrência da menarca, a freqüência de gestações concebidas e a termo, o uso de anticoncepcionais orais (ACO) e outros medicamentos, a regularidade menstrual e o fator causal atribuível. Quanto a esta última variável, identificaram-se, como fatores associados, a gravidez (27,4% dos casos) e o uso de ACO (12,3%); o restante (60,3%) foi catalogado como melasma idiopático. Essa amostra foi classificada pela topografia das lesões (81% centrais e 19% periféricos), pela histopatologia (57% epidérmicos, 18% dérmicos e 25% mistos) e pelo exame sob a lâmpada de Wood (58,3% epidérmicos, 26,7% dérmicos e 15% mistos). A amostra N2 foi classificada pelo JCDM em melasmas dérmicos e epidérmicos, obtendo-se, respectivamente, 12 e 38 casos. O valor do ICDM que permitiu essa classificação é 1 ,467, e correspondeu ao 76º percentil. Essa amostra, assim dicotomizada, foi testada para as mesmas varáveis analisadas na amostra N1. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos considerados, mercê da exigüidade da amostra. Constatou-se, no entanto, a tendência de os melasmas dérmicos serem os que evoluem há mais tempo e incidem em mulheres mais velhas, predominantemente, nas de cor preta e com maior número de gestações. A sensibilidade, a especificidade e, por conseqüência, a acurácia do exame sob a lâmpada de Wood para diagnosticar os melasmas dérmicos, tendo como padrão a classificação pelo ICDM, foram, respectivamente, de 25%, 73% e 62%. CONCLUSÕES - A melanina está presente na derme, em maior ou menor grau, em todos os casos de melasmas femininos. A quantificação dos depósitos dérmicos desse pigmento pode ser expressa por um índice, cuja distribuição permite classificar os melasmas em epidérmicos e dérmicos. Estes últimos, correspondendo aos ICDM superiores a 1 ,467, são os que evoluem há mais tempo e que incidem em mulheres que engravidaram mais vezes, sugerindo distribuição espectral da doença. A classificação pelo exame á lâmpada de Wood mostrou que esse método é moderadamente acurado, sendo mais útil quando exclui os melasmas epidérmicos ou quando confirma os dérmicos. Não foi observado aumento de melanina na camada basal dos folículos pilosos, em nível mais profundo do que o da derme superficial, na região infundibular. Esse achado pode ser incluído entre os critérios histopatológicos para o diagnóstico dos melasmas.