A inserção das mulheres na ciência : efeito de um dispositivo de visibilidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Juliana Cardoso
Orientador(a): Loguercio, Rochele de Quadros
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/210787
Resumo: Esta tese analisa um movimento que tem ocorrido na contemporaneidade que visibiliza as mulheres que adentram o campo das ciências exatas (Matemática, Química, Biologia, Engenharias, etc). Como forma de entender este movimento, escolhemos olhá-lo como uma estratégia específica que nomeamos de dispositivos de visibilidade. Entendemos que esse dispositivo opera uma forma de visibilidade, pensada por nós como biopolítica, estratégica, visando uma condução de condutas, ou seja, assumindo a importância das mulheres e entendendo que elas podem contribuir efetivamente para as demandas de uma sociedade neoliberal. Para isso, é importante que se faça o governo dessas mulheres na ciência enquanto população. O conceito do dispositivo de visibilidade utilizado na análise que realizamos nos diferentes momentos desta pesquisa nasce a partir dos dispositivos de segurança descritos por Foucault (2008) na aula publicada no livro Segurança, Território e População. O dispositivo de visibilidade não promove ou oculta a presença das mulheres na ciência, mas se torna um instrumento de descrição da necessidade de se inserir essas mulheres nesse contexto , uma vez que há um discurso na contemporaneidade que evidencia, em sua maioria, ausências, presenças pontuais e brilhantismos específicos, constituindo um volumoso campo de produção que trata de visibilizar o histórico daquelas que se dedicaram ao empreendimento científico, como apontam as dimensões documentais que analisamos – artigos publicados nos dois principais periódicos da área de gênero e feminismo (Cadernos PAGU e Revista de Estudos Feministas), teses defendidas em Programas de Pós-Graduação vinculados a CAPES e notícias publicadas no boletim informativo da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SPBC) intitulado Jornal da Ciência. Esse conjunto de documentos analisados dão conta de diferentes práticas, discursivas e não discursivas, que se dispersam no cotidiano e possibilitam afirmações, negações, teorias, e toda uma política de verdade sobre a mulher e o feminino no universo científico. Enunciados, visibilidades, instituições, o falar e o ver passam a constituir essas práticas, que se atualizam constantemente, e são justamente esses conjuntos de práticas que tomamos como dispositivos em ação. Para compreender essas práticas, foi preciso ver a emergência de saberes que construíram os conceitos de sexo, gênero e feminismo, pois tomamos o saber produzido sobre esses conceitos engendrados como um agenciamento de ordem prática, que tem por efeito a materialização de um sujeito, no singular - a mulher. Nesta tese, consideramos o Prêmio L’Óreal ABC/UNESCO – Para Mulheres na Ciência enquanto dispositivo de visibilidade, para compreendermos seus efeitos, materializados em uma performatividade para a mulher da ciência. O Prêmio, enquanto dispositivo de visibilidade, ao propor inserir as mulheres na ciência, se torna uma prática de governo, ou seja, de condução das condutas, e seu efeito performativo tenderia a visibilizar um padrão de feminilidade essencializado para as cientistas vencedoras, totalmente desvinculado de uma problematização sobre as bases da ciência moderna que invisibiliza o corpo, o gênero e o sexo na prática científica cotidiana dos laboratórios de pesquisa.