¿A quiénes se les privan las aguas en Suramérica? : ecología política e hidroterritorios en interlocución con los Mbya-guarani en el sur de Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Valencia Espina, José Manuel
Orientador(a): Coelho-de-Souza, Gabriela
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: spa
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/221613
Resumo: A história da usurpação colonial continua se reproduzindo na América do Sul. Enquanto o consumo e a demanda por água crescem, a violência contra os povos originários e a sobre-exploração dos bens terrestres e hídricos se entrelaçam como bases para a acumulação de capital. Assim, a sobre-exploração dos ecossistemas - em escala e em intensidade - acentuam-se, violentando as múltiplas naturezas que compõem essa região. Entendendo que a Ecologia Política estuda a natureza como um fenômeno híbrido, isto é, como algo simultaneamente social, cultural, político e ecológico; o presente estudo aborda conjuntamente as temáticas hídricas e indígenas a partir deste enfoque. Tal abordagem busca problematizar a ontologia das águas como algo inerente as diversas relações socioculturais. Os conhecimentos oriundos das ciências sociais e naturais, junto ao sentir-pensar dos Mbya-Guarani da tekoa Pindó Mirim - principais in terlocutores desta investigação - pretendem amalgamar a questão indígena e hídrica. O objetivo deste estudo é compreender o papel das águas na (re)construção das paisagens sul-americanas em conjunto às memórias vivas dos povos indígenas, enfatizando a interrelação e os processos socioambientais vividos pelos Mbya-Guarani presentes no Sul do Brasil. Fragmentos da história socioambiental da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e da Cordilheira dos Andes, são construídos a partir da importância que têm as águas na contínua (re)configuração das paisagens que dão vida a este grande hidroterritório. Mediante a observação participante e em base a re lações dialógicas se buscou estudar a interrelação entre os Mbya-Guarani e o hidroterritório de Itapuã, considerando a história, as memórias e seus modos de vida. As contribuições oriundas das cosmovisões indígenas em torno das águas e como estas têm permeado (ou não) os espaços sociopolíticos na América do Sul são também analisadas. Os resultados obtidos indicam que, no Sul do Brasil - assim como em todo território sul-americano - a presença e a ausência das águas configuram as paisagens e com elas a vida de seus habitantes. O modo de ser Mbya Guarani envolve uma relação de respeito e de conexão com a terra, com as águas e com todos os seres que ali habitam. Os hidroterritórios passam a ser, então, um conceito onde as condições geológicas, físicas, biológicas e químicas são inseparáveis do ser, da cultura, das relações soci ais e naturais que controlam o acesso e a distribuição das águas. Águas que, além de ser fonte de vidas, são também fonte de disputas. Uma disputa que evidencia que a privatização das águas não é apenas uma questão normativa, de acesso ou de concentração de poder; mas também de violência estrutural e cultural. Ao costurar as vozes dos interlocutores deste estudo com litera turas indígenas e não indígenas se vislumbram novas possibilidades entorno ao debate hídrico, territorial, ecológico e político. Vozes e escritos que denunciam o colapso e a emergência socioambiental em que nos encontramos, e que não constituem nenhuma novidade para os po vos originários. Reflexões e memórias que, junto a importância das águas, propõem alternativas - no campo da política e das ciências - para descolonizar nossos presentes e imaginários.