O jornalismo e a cidade em construção : o discurso ambiental do jornal Zero Hora sobre as obras da Copa do Mundo de 2014 em Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Steigleder, Débora Gallas
Orientador(a): Girardi, Ilza Maria Tourinho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/115905
Resumo: Este trabalho investiga o discurso jornalístico de Zero Hora sobre as obras viárias realizadas na Cidade de Porto Alegre em virtude da realização da Copa do Mundo de 2014. Diante do impacto social e ambiental dos empreendimentos, objetiva analisar como o jornal aborda os temas ambientais na cobertura sobre as transformações urbanas, considerando o tratamento do evento como um acontecimento jornalístico. A partir de Pêcheux e Fuchs (1993), Courtine (2009) e outros, utiliza a Análise do Discurso de matriz francesa como aporte teórico e meto-dológico, explorando os conceitos de formação discursiva, interdiscurso e memória discursi-va. Aborda o ethos jornalístico, código ético e de valores da profissão segundo o qual a ativi-dade jornalística deve estar a serviço do interesse público, conforme Traquina (2004). Explica o acontecimento jornalístico como um fenômeno inscrito em uma ordem discursiva e que de-fine historicamente a sociedade, ancorando-se em Benetti (2010). Trabalha sob a perspectiva do Jornalismo Ambiental de Girardi et al. (2012), Bueno (2007) e Bacchetta (2000) a fim de evidenciar a relação entre cidades e meio ambiente. Ressalta que os princípios do Jornalismo Ambiental baseiam-se no pensamento complexo e propõem um discurso composto pela diver-sidade de pontos de vista. Com base no pensamento complexo de Morin e Kern (1993) e do pensamento sistêmico de Capra (1997), constata que a emergência de um novo paradigma permitirá refletir sobre as mudanças necessárias à civilização humana para garantir condições de vida às futuras gerações. A partir de Harvey (2013), postula que o direito à cidade deve ser inalienável dos cidadãos para que haja plena democracia. Contextualiza a realização da Copa do Mundo no Brasil e os movimentos populares que contestaram violações às comunidades e aos ecossistemas durante os preparativos para o evento. Posiciona as duas perspectivas de sustentabilidade definidas por Caporal e Costabeber (2000) em diferentes formações discursi-vas: a ecotecnocrática e a ecossocial. Postula que o discurso jornalístico das sequências dis-cursivas de 2013 remete à memória do discurso jornalístico de Zero Hora referente a fevereiro de 1975, em que um estudante subiu em árvore em Porto Alegre para protestar contra sua der-rubada devido a obras de construção de um viaduto. Conclui que o discurso jornalístico anali-sado esteve filiado a uma formação discursiva ecotecnocrática, não questionou os modelos de desenvolvimento vigentes e que, portanto, não assumiu o olhar do Jornalismo Ambiental. Também ressalta que o discurso jornalístico de 1975 relacionava-se ao discurso ambientalista, o que permitiu sua filiação à FD ecossocial. Explica que os discursos de Zero Hora em ambas as épocas estavam envoltos por diferentes condições de produção.