Entre plantar, comer e inserir a sociobiodiversidade na alimentação escolar : a experiência de Mostardas/RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Hendler, Vanessa Magnus
Orientador(a): Ruiz, Eliziane Nicolodi Francescato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/231888
Resumo: O Programa Nacional de Alimentação Escolar avançou em diversos aspectos, sobretudo, nas duas últimas décadas, reafirmando a sua importância para a Segurança Alimentar e Nutricional e para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada. Contudo, apesar dos marcos legais que orientam a elaboração de cardápios escolares mais alinhados as particularidades locais, verifica-se a oferta de refeições escolares com baixa variedade de alimentos e que pouco exploram os recursos alimentícios circunscritos a sociobiodiversidade in loco. Compreendendo a importância desse debate pouco discutido na literatura acadêmica, esta pesquisa buscou analisar um movimento, em construção, de inserção de produtos da sociobiodiversidade na alimentação escolar, no município de Mostardas, no Rio Grande do Sul, identificando os atores envolvidos no processo, as ações desenvolvidas, os desafios e os possíveis desdobramentos no plano local. No âmbito do percurso metodológico, recorreu-se a abordagem qualitativa tanto para a geração dos dados, quanto para a análise dos mesmos. Devido a necessidade de distanciamento social, imposta pela pandemia de COVID-19, foram realizadas entrevistas por ligação de telefone e/ou por aplicativo de WhatsApp com indivíduos que estivessem, em alguma medida, envolvidos diretamente ou indiretamente com o processo de inclusão de alimentos da sociobiodiversidade no Programa Nacional de Alimentação Escolar (a exemplo, nutricionistas, comunidade escolar, entidades locais e agricultores (as) familiares). Realizou-se também, análise documental das Chamadas Públicas dos anos de 2019 e 2020. No plano dos resultados, observou-se que o movimento de inserção da sociobiodiversidade na escola se constrói a partir da preocupação de um grupo de atores locais quanto as transformações negativas no plano da alimentação, das paisagens e dos ecossistemas locais, devido ao avanço das monoculturas na região e das práticas agrícolas empregadas no campo. Tal mobilização encontra no contexto da Política de Alimentação Escolar a possibilidade de resgatar o cultivo de espécies alimentícias e difundir o seu consumo entre os estudantes. A partir de então, ações foram desenvolvidas em parceria com a universidade na tentativa de alcançar os propósitos do movimento. Contudo, apesar dos esforços, até o momento, nenhum produto da sociobiodiversidade foi de fato inserido na rede de ensino municipal. Com base nos discursos apreendidos, verificou-se desafios relacionados a baixa produção de sociobiodiversidade e a perda de paladar para tais produtos, assim como questões de ordem estrutural e logística relativas ao seu abastecimento para a alimentação escolar. E ainda, constatou-se entraves que compreendem o campo das políticas públicas, como: dificuldade em acessar determinados programas federais, burocracia no acesso e falta de iniciativas por parte do poder público local. Por fim, discutiu-se os possíveis desdobramentos do movimento em questão, a partir das interpretações dos atores locais para essa mobilização. Tais acepções manifestaram repercussões plurais que impactariam positivamente sobre a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Nesse sentido, a intersecção entre sociobiodiversidade e alimentação escolar parece apontar caminhos de enfrentamento ao atual quadro de má nutrição e mudanças climáticas, a partir da oferta de refeições escolares pautadas na cultura alimentar local, na sustentabilidade e nas características biológicas e socioculturais do território.