Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Zancanaro, Mayra |
Orientador(a): |
Torres, Iraci Lucena da Silva |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/220601
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Resumo: |
Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada à lesão tecidual real ou potencial, podendo ser aguda oucrônica. Entre os quadros de dor aguda, a dor pós- operatóriaé associada a alteraçõesautonômicas, endócrinas, metabólicas, fisiológicas e comportamentais. O uso de terapias farmacológicas na busca de um maior alivio dos quadros de dor muitas vezes é relacionada a efeitos adversos e/ou ineficácia. Desta forma, estudos têm sido desenvolvidos buscando métodos não farmacológicos no manejo da dor, como a estimulação do sistema nervoso central (SNC). Neste contexto, a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é um tratamento neuromodulatório não invasivo, de baixo custo que pode representar uma ferramenta não farmacológica no tratamento dos quadros dedor. Na busca de marcadores de dor e de eficácia terapêutica, o fator neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF) e as citocinas (TNF-alfa, IL1β, IL6 e IL10) tem se destacado. Desta forma, a utilização de ETCC como uma opção não farmacológica pode contribuir para melhor entendimento dos mecanismos de ação desta técnica em modelos pré-clínicos de dor aguda e crônica. Objetivo:Investigar o efeito da exposição prévia ao tratamento repetido com ETCC sobre parâmetros nociceptivos, bioquímicos e morfológicos de ratos submetidos a um modelo de dor pós-operatória.Métodos: Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética de Uso de Animais do Hospital de Clínica de Porto Alegre (CEUA/HCPA: 160295). Cinquenta e seis ratos Wistar machos adultos foram divididos em sete grupos: controle; fármacos; cirurgia; fármacos + sham ETCC; fármacos + ETCC; cirurgia + Sham ETCC e cirurgia + ETCC. ETCC bimodal foi aplicada previamente ao modelo cirúrgico por 20min/dia/8dias consecutivos, com intensidade de 0,5mA, o eletrodo do cátodo foi posicionado na região supraorbital e o eletrodo anodal no córtex parietal. Para o grupo sham da ETCC foi submetido ao mesmo procedimento do grupo ETCC porém com o aparelho desligado. Após os 8 dias de tratamento os animais dos grupos cirurgia foram submetidos aomodelo cirúrgico adaptado de Brennanque consistiu em uma incisão no membro pélvico direito do animal. Foram avaliados limiar nociceptivo(teste do tail-flick)e alodiniamecânica (teste deVon Frey)no basal, imediatamente, 30 e 60 min, 24,48 e 72 horas após a cirurgia. Adicionalmente, foram avaliados níveis de BDNF e citocinas (TNF-alfa, IL1β, IL6 e IL10) em medula espinhal, tronco encefálico, hipocampo e córtex frontal. Para controle da lesão operatória foi realizada histologia do membro operado pelo método de hematoxilina e eosina (HE) e também medida da atividade mieloperoxidase (MPO) e da N-acetil-β-D- glucosaminidase (NAGase). Análise estatística dos testes nociceptivos foi realizada por meio de equações estimativas generalizadas (GEE/Bonferroni) e,para as medidas bioquímicas, ANOVA de duas vias, seguida por SNK. Resultados e Conclusão: Houve interação tempo x tratamento (Wald χ2=2969,18;36, GEE, P<0.05, n=8) na análiseda alodiniamecânica. O grupo que recebeu tratamento prévio com ETCC apresentou diminuiçãona resposta nociceptiva pós- cirúrgicaem relação ao grupo cirurgia.Da mesma forma, houve interação tempo x tratamento na avaliação do limiar nociceptivo (Wald χ2 =507,32;36, GEE, P<0.05, n=8), no entanto, não houve diferença significativa entre os tratamentos SHAM ETCC e ao ETCC ativo (Wald χ2 = 507,32; 36, P <0,05, n = 8). Os resultados comportamentais sugerem que ETCC preemptiva foi efetiva no controle da dor pós-operatória, contribuindo para a redução do uso dos fármacos e, consequentemente, seus efeitos adversos e custos de tratamento. Em relação aos níveis de IL1βfoi observado: efeito da cirurgia(f(2,42)= 16,61 P<0,05); interação cirurgia x ETCC (f(2,42)= 6,28, P<0.05) em hipocampo;interação cirurgia x ETCC (f(2,42)=4,42 P<0,05)em córtex cerebral; em troncoencefálicofoi observado: efeito da cirurgia (f(2,42)=3,44),efeito da ETCC (f(2,42)=3,88, P<0,05) e interação cirurgia x ETCC (f (2,42)= 5,097 p<0,05); efeito da cirurgia (f(2,42)=5,36 P<0,05) e efeito da ETCC (f(2,42)=35,16P<0,05) em medula espinhal.Em relação aos níveis de IL 6 observamos: efeito da cirurgia (f (2,42) =10,55, P<0,05) e efeitoda ETCC (f (2,42)= 3,11, P<0,05) em hipocampo; efeito da cirurgia (f (2,42) = 11,48, P<0,05) e efeito da ETCC (f (2,42)=5,59, P<0,05) em córtex cerebral; efeito da ETCC (f (2,40)=9,42, P<0,05) e interação cirurgia xETCC (f(2,40)=5,23, P<0,05)em tronco encefálico; efeito da cirurgia (f (2,41)=5,00, P<0,05)em medula espinhal. Quanto aos níveis de IL10observamos: efeito da cirurgia (f(2,42)=3,74, P<0,05), efeito da ETCC (f(2,42)=10,23,P<0,05) e interação cirurgia x ETCC (f(2,42) = 4,5, P<0,05) em hipocampo; em nível cortical não houve efeito das variáveis independentes (ANOVA de 2vias p>0,05); efeito da cirurgia (f (2,42) = 12,43, P<0,05) e efeito da ETCC (f (2,42) = 33,02, P<0,05) em tronco cerebral;efeito da cirurgia (F(2,42)=4,53P<0,05), efeito da ETCC (f (2,42) = 28,36P<0,05) e interação cirurgia x ETCC (F(2,42) = 4,45P<0,05)em medula espinhal. A análise dos níveis de TNF apresentaram: efeito da cirurgia (F(2,42)=5,55P<0,05) em hipocampo;interação cirurgiax ETCC (F(2,42)= 4,88P<0,05) em córtex cerebral; Interação cirurgia x ETCC (F(2,42) =3,993P<0,05) em tronco encefálico; efeito da cirurgia (f (2,40)=8,108 P<0,05) e efeito da ETCC (F2,40) = 11.612 P<0,05) em medula espinhal. No que concerne aos níveis de BDNF foi observado: efeito da ETCC (F(2,56) = 7,92P<0,05) e interação cirurgia x ETCC (F(2,56) = 7,974 P<0,05) em hipocampo;efeito da cirurgia (F(2,56) = 10,75P<0,05) e efeito da ETCC (F(2,56)=24,25P<0,05) em córtex cerebral; efeito da cirurgia (F(2,56)=10,09P<0,05), efeito da ETCC (F(2,56)=17,74P<0,05) e interação cirurgia x ETCC (F(2,56)=4,85P<0,05) em tronco encefálico; interação cirurgia x ETCC (f (2,56) = 6,025P<0,05) em medula espinhal. O tratamento preemptivo com ETCC aumentou os níveis de MPO no grupo fármaco e no grupocirurgia ETCC (f(6,21)=11,935, P<0,05, n=4). Por outro lado, ETCC diminuiu os níveis de NAGase no grupocirurgia ETCC(f(6,21)=8,243, P<0,05, n=4). Desta forma, considerando este aumento nos níveis de MPO, um marcador de processo inflamatório agudo, como o que se estabelece após um procedimento cirúrgico, podemos sugerir que o ETCC preemptivo favorece o reparo tecidual. Este estudo corrobora dados prévios do grupo de pesquisa que sugerem o efeito anti- inflamatório da ETCC. Neste estudo, este efeito foi indexado pela modulação nos níveis de IL1β, IL6, IL10, e pela reversão do processo inflamatório local decorrente da cirurgia, induzidos pela ETCC preemptiva. Adicionalmente, observou-se diminuição dos níveis de NAGase no membro operado do animal, evitando, desta forma, a cronificação do processo inflamatório e consequente fibrose. Além disto, foi observado um importante efeito do ETCC nos níveis de BDNF em estruturas do SNC, indicando um possível envolvimento de seu efeito em processos neuroplásticos. Os resultados desta dissertação indicam que o tratamento prévio com ETCC é uma ferramenta não-farmacológica promissora no reparo tecidual e evitando inflamação crônica pós-cirúrgica e no tratamento de quadros que cursam com dor aguda. |