Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Fracasso, Bruno Veloso |
Orientador(a): |
Malysz, Tais |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/279534
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Resumo: |
Introdução: A enxaqueca crônica é uma condição neurológica, incapacitante e que além de expor o indivíduo a experiência de intensa dor, gera alterações fisicofuncionais. Objetivos: A presente tese tem como objetivo avaliar o perfil fisicofuncional e os efeitos terapêuticos da Eletroestimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) em mulheres com enxaqueca crônica. As características fisicofuncionais deste grupo de pacientes foram abordadas através da análise da distribuição térmica facial, percepção de intensidade dolorosa, cinetose, pânico e agorafobia, qualidade de vida e estabilidade postural (Artigo 1 e Manuscrito 1). Os efeitos terapêuticos da ETCC foram abordados através de uma revisão sistemática que avaliou o impacto da técnica sobre o consumo farmacológico de mulheres com enxaqueca crônica e através da análise de dados do estudo piloto de um ensaio clínico que avaliou o impacto da ETCC sobre variáveis de dor e funcionalidade em mulheres com enxaqueca crônica (Manuscritos 2 e 3). Métodos: No Artigo 01 foi utilizando termografia infravermelha para análise da distribuição da temperatura facial de 24 mulheres com enxaqueca crônica. (39,2 ± 7,7 anos) No Manuscrito 01, 22 mulheres com enxaqueca crônica (39,5±7,7anos) foram avaliadas quanto a intensidade e percepção de dor (Escala Visual Analógica - VAS e McGill Pain Questionnaire), cinetose (Dizziness Handicap Inventory - DHI), pânico e agorafobia (Escala de Pânico e Agorafobia - PAS), estabilidade postural (Teste Clínico de Integração Sensorial e Equilíbrio modificado - mCTSIB e Teste Clínico de Integração Sensorial e Equilíbrio - DGI) e qualidade de vida (WHOQOL-BREF). No Manuscrito 02 foi seguido as diretrizes PRISMA, com revisando 07 ensaios clínicos randomizados que incluíram 288 participantes predominantemente do sexo feminino. O Manuscrito 03, contou 08 mulheres (41,6± 8,5 anos) com enxaqueca crônica que foram submetidas a um protocolo que consistiu em aplicar 10 sessões ETCC catódica em córtex motor primário, em hemisfério ipsilateral ao que apresentava diminuição da temperatura de região frontal identificado através de termografia infravermelha. As variáveis avaliadas antes da intervenção (avaliação), um dia (reavaliação 1) e 30 após o término da intervenção (reavaliação 2) foram: dor (Diário de Episódios de Dor de Cabeça e Enxaqueca e Avaliação de Percepção de Intensidade de Dor por Escala Visual Analógica da Dor - EVA), cinetose (Dizziness Handicap Inventory – DHI), pânico e agorafobia (Panic and Agoraphobia Scale - PAS), equilíbrio estático e dinâmico (Clinical Test of Sensory Integration and Balance modified - mCTSIB e Clinical Test of Sensory Integration and Balance - DGI) e qualidade de vida (WHOQOL-BREF). Em todos os estudos o nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: Mulheres com enxaqueca crônica com manifestação de dor unilateral à direita apresentam discrepância térmica frontotemporal (p=0,023). Também observamos que os casos de enxaqueca com dor do lado direito diferem-se termograficamente dos casos com dor bilateral, apresentando diferença média de temperatura de região temporal direita < 0,001°C em relação ao mesmo ponto termoanatômico à esquerda, da mesma forma que mulheres com enxaqueca crônica com dor bilateral se diferenciam daquelas com queixa de dor à direita, onde região frontal à direita apresenta temperatura <0,11 °C em relação à região frontal à esquerda. O perfil físico-funcional de mulheres com enxaqueca crônica é constituído por dor com intensidade de 6,6+1,7 em EVA, 13,5% apresentam alteração do equilíbrio com impacto na marcha e aumento do risco de quedas; escores baixos para queixas de cinetose e pânico e agorafobia, com mediana de 34 e de 04 pontos, respectivamente; a qualidade de vida apresenta piores escores nos domínios psicológico e físico (53,2+16,9 e 60,2+17, respectivamente). Os escores de dor pela EVA estão significativamente associados ao escore de qualidade de vida total pelo WHOQOL - BREF, e, em média, para um ponto a mais na EVA, há redução de 6,3 pontos no escore de qualidade de vida. Oitenta e cinco porcento dos estudos analisados na revisão sistemática defendem um efeito positivo da ETCC com redução no consumo de medicamentos utilizados para controle de enxaquecas e a heterogeneidade dos protocolos de aplicação não parece influenciar negativamente seu efeito. Dada a inconformidade dos protocolos quanto ao número de aplicações, sua frequência (diária, semanal, quinzenal ou mensal), ao intervalo de tempo entre as aplicações, nossos achados são inconclusivos na defesa de um protocolo específico de ETCC que preveja resposta de maior redução no consumo de medicamentos usados para controlar enxaquecas com ou sem aura. Os efeitos a curto prazo da ETCC demonstraram melhorias significativas em variáveis que compuseram o Diário da Dor (preenchidos por cada participante durante o mês precedente à cada avaliação) onde houve redução significativa da avaliação para a reavaliação 1 (24 h após o término das sessões), mantida na reavaliação 2 (30 dias após o término das sessões), no número de dias de dor em um mês (p<0,001), número de ataques de enxaquecas (p<0,001), tempo médio dos ataques (p<0,001), número de analgésicos consumidos (p<0,001), total de uso de medicação (p<0,001) e na intensidade média de dor a redução foi significativa da avaliação para reavaliação 1 (p=0,036) sendo que, na reavaliação 2 os valores ficaram semelhantes a níveis obtidos na avaliação (p>0,05). Também observamos redução significativa da avaliação para a reavaliação 1, mantida na reavaliação 2, nos escores EVA (p<0,001) (intensidade da dor) e mCTSIB (p=0,006). Para o escore DGI, houve aumento significativo da avaliação para a reavaliação 1, mantido na reavaliação 2 (p=0,004). Os escores de qualidade de vida não apresentaram diferença estatisticamente significativa ao longo do tempo, porém notou-se que maiores reduções dos escores da EVA da avaliação para a segunda reavaliação foram associadas a maiores aumentos do escore de qualidade de vida neste mesmo período (r=-0,809; p=0,028). Conclusão: A enxaqueca crônica é capaz de gerar alterações fisicofuncionais em mulheres e a ETCC tem efeitos associados a redução do consumo de medicamentos e sobre variáveis fisicofuncionais em um período de 30 dias após encerramento do protocolo. |