Performando riscos: autoetnografia de viver com Diabetes Tipo 1 na pandemia de Covid-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rodrigues, Júlia Mistro
Orientador(a): Segata, Jean
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/238904
Resumo: Durante a pandemia, pessoas diagnosticadas com DM1 foram categorizadas como parte do “grupo de risco” com a justificativa de estarem mais sujeitas à óbito que pessoas sem o diagnóstico, que é feito tendo como base um valor específico da concentração de glicose no sangue. Como DM1, em meu tratamento durante o primeiro ano do período manipulei diariamente esse nível de concentração no meu sangue até produzir o mesmo de uma pessoa não diagnosticada como um modo de, segundo sugerido em consulta médica, “sair do grupo de risco”. A partir de uma autoetnografia particular dessas interações entre práticas diagnósticas, políticas e contextos sociais de crise sanitária, investigo os impactos do isolamento social em população parte da categoria. Através de dois experimentos narrativos, as crônicas autoetnográficas e o diálogo com travessão descrevo as práticas terapêuticas cotidianas (a insulinoterapia e monitorização glicêmica continua alinhadas com contagem de carboidratos) que permitiram que eu me deslocasse, em termos biomédicos e numéricos, para fora do risco e analiso como o controle produziu, nesse período, mas não só, a categoria de “grupo de risco” e de uma morte “com comorbidade” – como meio de justificá-la. Observando com atenção a manipulação metabólica que realizei buscando produzir um corpo que não é o meu, ou seja, refém de um número eu lutava para me fazer não-diagnosticada, percebi que, enquanto o controle aponta para uma escolha pelo aprimoramento numérico, tendo a culpa individual como aprisionamento de uma identidade excluída via produção de uma vida morta, o cuidado amoroso, enquanto processo árduo e interativo, atentivo e aberto, usufrui da responsabilidade coletiva de coprodução de um corpo paisagem que inclui as diferenças.