Bases morfo-ecológicas na avaliação do reforço adaptativo e dimorfismo sexual em um anel mimético de heliconídeos neotropicais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Rossato, Dirleane Ottonelli
Orientador(a): Moreira, Gilson Rudinei Pires
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196605
Resumo: O mimetismo é um tipo de interação interespecífica importante para a dinâmica de muitas espécies. Este mecanismo de defesa contra predadores se caracteriza por espécies distantes evolutivamente apresentarem similaridade morfológica. Associado à coloração aposemática, o mimetismo é uma forma de mostrar para o predador que a espécie mimética é impalatável, seja através de um sinal honesto ou desonesto. No mimetismo Mulleriano, ambas espécies são impalatáveis e portanto são chamadas de espécies co-miméticas. A coloração característica de espécies miméticas também pode sofrer influência da seleção sexual; ou seja, ser avaliada indiretamente quanto a outros atributos fenotípicos através de diferença quanto ao tamanho e a forma das estruturas envolvidas no mimetismo. Neste sentido, Heliconius é um gênero modelo em biologia evolutiva, devido a grande variação intra- e interespecífica no padrão de coloração e principalmente por apresentar diversas associações miméticas, tanto em nível específico quanto subespecíficio. O anel mimético que apresenta ocorrência no Brasil se caracteriza por apresentar asas enegrecidas, com uma mancha vermelha na anterior e, uma amarela, na posterior, tendo sido moldado supostamente por pressão de predação associada a aves. Mesmo com alta similaridade entre as espécies identificarmos variações morfológicas intra- e interespecífica. Estaria a variação intraespecífica variando de acordo com a outra espécie mimética? Ou seja, seria esperado maior convergência adaptativa ao mimetismo Mulleriano em áreas de simpatria. Essa foi a questão que norteou esta dissertação, onde avaliamos a variação morfológica através de uma escala sensível a pequenas variações (morfometria geométrica), pois tratam-se de espécies bastante similares. Com base em espécimes provenientes de museus, com ampla distribuição geográfica, determinamos a variação no tamanho e na forma da asa e da mancha vermelha, de espécies pertencentes ao anel mimético formado por: H. erato phyllis (com ampla distribuição na região central, leste e sul do Brasil), H. besckei (ocorrência em áreas de altitude no sudeste do Brasil), H. melpomene burchelli (ocorrência na região central e norte do Brasil) e H. m. nanna (distribuída ao longo do litoral nordeste do Brasil). Em paralelo, com vista à associação da forma à variação genotípica, foram obtidas e comparadas sequências de DNA em relação aos marcadores COI (mitocondrial) e Optix (nuclear, associado supostamente à codificação da mancha vermelha). Os resultados mostraram que não há reforço adaptativo ao mimetismo Mulleriano, visto que as espécies e subespécies diferem significativamente entre si em áreas de simpatria. A variação na forma não esteve relacionada à variabilidade genética, a qual ocorreu de forma dissociada da distância geográfica. Assim, inferimos que outros mecanismos, além da seleção natural, estão envolvidos na evolução correspondente. Os resultados demonstraram que há dimorfismo sexual no tamanho e na forma da mancha vermelha, o que pode ser importante não somente para diferenciação entre as espécies/subespécies, mas também no contexto da seleção de parceiros. Assim, inferimos que a seleção sexual poderá estar envolvida na seleção dessas variações fenotípicas, o que resta ser elucidado. Neste sentido, os resultados desta dissertação questionam, de forma inédita, a seleção natural associada à predação como o único mecanismo envolvido na evolução de anéis miméticos de heliconíneos neotropicais.