Resumo: |
Contaminantes Emergentes (CEs) podem ser definidos como novos compostos ou moléculas que não eram conhecidas anteriormente ou que apareceram recentemente na literatura científica. Em algumas áreas urbanas do Brasil, a água subterrânea é normalmente consumida sem tratamento prévio, sendo necessário o monitoramento desses compostos. Assim, o objetivo principal deste trabalho é a análise da ocorrência e do comportamento de contaminantes no município de Porto Alegre, RS, com base em análises químicas realizadas por meio de Cromatografia Líquida Tandem e Espectrometria de Massas (LC-MS/MS), experimentos de coluna e mapas geoestatísticos. Primeiramente, foi investigado o comportamento de sete compostos em solos (atrazina, simazina, ametrina, tebutiuron, 2,4-D, fipronil e diclofenaco) por meio de experimentos de coluna de lixiviação para avaliar acúmulo e transferência em cinco tipos diferentes de solos de Porto Alegre. Os resultados mostraram que o solo derivado de sedimentos quaternários, com sedimentos arenosos bem selecionados, foi aquele em que os contaminantes apresentaram maior mobilidade. Esse solo também apresenta pH acima da média dos demais, fator que também pode ser responsável pela menor retenção de substâncias. O tebutiuron é a substância com maior potencial de lixiviação em geral. Além disso, a concentração e distribuição de 23 substâncias Per- e polifluoroalquil (PFAS) foram analisadas em amostras de águas subterrâneas e em amostras de águas superficiais. As concentrações totais de PFAS (ΣPFAS) em amostra de água subterrânea variaram entre 22 e 718 ng L-1. Dez espécies foram encontradas em águas superficiais, sendo que as predominantes foram PFOA, PFOS e PFHpA com frequência de detecção de 50%, 62%, 87%, respectivamente. Além disso, os corpos d'água tributários apresentaram maiores concentrações de PFAS do que o corpo d'água principal (Lago Guaíba), provavelmente devido a processos de diluição. Por fim, um total de 23 compostos CEs, incluindo pesticidas, produtos farmacêuticos e hormônios, foram determinados em amostras de águas subterrâneas. Os CEs mais abundantes foram atrazina e seus produtos de degradação, fipronil, simazina, tebuconazol, hexazinona e cafeína em concentrações de até 300 ng L-1. Todos os compostos estudados foram detectados nas águas subterrâneas em pelo menos uma amostra. Padrões nos dados por meio de mapas de SOM mostraram uma forte correlação positiva entre atrazina, hexazinona, simazina, tebutiuron, 2-hidroxiatrazina e 17β-estradiol. Os hormônios estrona e testosterona também apresentam uma correlação positiva devido às suas propriedades químicas semelhantes. Por outro lado, a cafeína foi detectada em 90% das amostras, provavelmente devido ao hábito da população de ingerir chimarrão, associado aos baixos índices de esgoto doméstico tratado na área de estudo. |
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