Evolução de lagos marginais ao gelo em resposta à retração de geleiras nas Ilhas Nelson e Rei George, Antártica Maritima

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira, Manoela Araujo Gonçalves de
Orientador(a): Rosa, Kátia Kellem da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211510
Resumo: Esta dissertação objetiva caracterizar os lagos marginais ao gelo e investigar a sua variação em resposta à retração de geleiras nas ilhas Rei George (IRG) e Nelson (IN), Antártica Marítima, desde 1988. Os dados de sensores orbitais possibilitaram a realização de um inventário dos lagos glaciais nas áreas livres de gelo da IRG e IN e a geração de um Sistema de Informações Geográficas. A variação de área e número dos lagos e da perda de área das geleiras associadas foi estimada com dados de imagem de satélite Landsat, Digital Globe, Planet Scope, Spot, WorldView-2, e Sentinel-2. Para a análise geomorfométrica foram utilizados MDE Tandem-X e REMA. Foram analisados também dados observacionais e por Reanálise da temperatura média superficial do ar anual dos meses de inverno. Os lagos foram classificados por técnicas de agrupamento e estatística multivariada. Há 200 lagos, cobrindo um total de 2,34 km² de área, nas áreas livres de gelo das IN e IRG e se distribuem principalmente nos setores costeiros com baixas declividades (0-20%) e elevações (0-40m). Um banco de dados em um Sistema de Informações Geográficas do inventário dos lagos, para 1988/1989, 2000/2003 e 2018, é apresentado. Ocorreu um aumento de 455% na área total de lagos (de 0,18 km² para 1,02 km²) desde 1988/1989. O maior percentual de aumento na área total dos lagos, 190% na IN e 308% na IRG, ocorreu no período 1988-2000/2003. No período seguinte (2000- 2018), houve uma desaceleração no aumento dos lagos (56% na IN e 46% na IRG) e na perda de área das geleiras. Um contínuo processo de perda de área ocorreu nas geleiras que alimentam os lagos desde 1988. Nas recentes décadas, algumas geleiras passaram de término marinho para em terra (e.g. Wanda, Znosco e Windy) e formaram lagos. Os lagos que apresentaram maiores variações percentuais de área foram os marginais ao gelo, ou seja, os alimentados por aporte de água de degelo glacial, destacando-se as áreas livres de gelo associadas à retração das geleiras Wanda, Viéville, Znosco e Anna Sul (636%, 214%, 173% e 110%, respectivamente). As menores variações percentuais (83%, 71%, 68%, 43% e 20%) ocorrem em lagos nas áreas livres de gelo associadas à retração das geleiras Baranowski, Polar Club (Península Potter), da calota de gelo da ilha Nelson, da geleira Fourcade (Península Barton) e das áreas livres de gelo na península Fildes, respectivamente. O aquecimento atmosférico, retenção da água de degelo glacial e a coalescência de lagos pequenos e costeiros influenciam a evolução dos lagos marginais ao gelo em escala decadal. As áreas com maiores mudanças devem ser monitoradas para verificar os impactos destas alterações na paisagem e na biota local, além de entender como o ambiente está respondendo às mudanças climáticas recentes na região.