Parâmetros clínicos e laboratoriais de sarcopenia em pacientes com esclerose sistêmica : um estudo de coorte prospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Hax, Vanessa
Orientador(a): Chakr, Rafael Mendonça da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258611
Resumo: Introdução: A esclerose sistêmica (ES) é uma doença autoimune multissistêmica, de etiopatogenia complexa, com expressão fenotípica heterogênea e prognóstico limitado. Apenas recentemente estudos têm avaliado a prevalência e as associações clínicas da sarcopenia nessa população, e até o momento o seu impacto na morbi-mortalidade pela doença é desconhecido. Objetivo: Investigar as associações diagnósticas e prognósticas de parâmetros clínicos e laboratoriais de sarcopenia e ES. Métodos: Coorte prospectiva incluindo 94 pacientes com ES em seguimento no ambulatório de Reumatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). ES foi definida de acordo com os critérios de classificação do ACR/EULAR de 2013 ou os critérios para ES precoce propostos por LeRoy e Medsger. Sarcopenia foi definida de acordo com as recomendações do European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) atualizadas em 2019 (EWGSOP2), com avaliação da força de preensão palmar, avaliação da massa magra por meio de densitometria corporal total e avaliação do desempenho físico por meio do short physical performance battery (SPPB). Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica detalhada, ferramentas para rastreamento de sarcopenia e fragilidade, provas de função pulmonar, ecocardiograma e dosagem de irisina, miostatina e activina A séricas por meio da técnica de ELISA na inclusão. Após 3 anos de seguimento, os pacientes foram reavaliados, sendo registrados dados sobre hospitalizações, infecções e óbitos ocorridos no período. Análise de regressão multivariada foi realizada para avaliar fatores independentemente associados à sarcopenia no baseline. Alterações nos parâmetros de sarcopenia ao longo do tempo foram analisadas por equações de estimativa generalizada. Correlação de Pearson ou Spearman foi utilizada para correlacionar os biomarcadores com parâmetros de sarcopenia. Análise de curva ROC (Receiver Operating Characteristic) foi utilizada para análise de biomarcadores contra mortalidade. Análise de sobrevida de Kaplan-Meier foi utilizada para avaliação dos parâmetros de sarcopenia em relação à mortalidade. Resultados: Noventa e quatro pacientes foram acompanhados por uma média de 2,7 anos. A idade média foi de 60,5±10,3 anos e a duração de doença de 13,1±8,2 anos. A prevalência de sarcopenia foi de 15,9% no início do estudo e a sarcopenia foi associada à duração da doença (p=0,004), desnutrição (p=0,03) e úlceras digitais (p=0,038). De acordo com o fenótipo de 8 fragilidade física, 33 pacientes (35,1%) foram considerados frágeis e 53 (56,4%) pré-frágeis. Quatorze pacientes morreram durante o acompanhamento. Ao final do seguimento, houve queda significativa na prevalência de sarcopenia (5,6%, p=0,018) e não foi encontrada associação de sarcopenia com mortalidade, internações, infecções, piora da função pulmonar e novas úlceras digitais. Também houve redução significativa na prevalência de desnutrição (p=0,049), fragilidade (p=0,003) e inatividade física (p>0,001). O índice de atividade revisado do European Scleroderma Trials and Research group (EUSTAR) no baseline foi o único preditor de mortalidade em 3 anos na nossa população (p=0,03) e esse índice não mudou significativamente ao longo do tempo (p=0,838). Com relação aos biomarcadores, os níveis séricos de activina A não foram associados à presença de sarcopenia, nem apresentaram correlação com ASMI e força de preensão manual, contudo os níveis de activina A foram mais elevados entre os óbitos (p<0.001) e, por meio da análise de curva ROC, níveis de activina A ≥ 363 pg/ml foram associados a menor sobrevida. Conclusão: Sarcopenia é prevalente em pacientes com ES de longa duração e está associada à desnutrição. Nesta coorte não foi encontrada associação de sarcopenia com mortalidade em 3 anos e esta ausência de associação pode ter sido consequência da diminuição da prevalência de sarcopenia, bem como da melhora dos parâmetros nutricionais e físicos, durante o seguimento. Além disso, nosso estudo demonstrou que os níveis séricos de activina A são importantes preditores de mortalidade em pacientes com ES.