Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Pithan, Liana Haygert |
Orientador(a): |
Antunes, Elaine di Diego |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/184529
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Resumo: |
A era do downsizing (CALDAS, 2000) se alastra sobre o jornalismo brasileiro. De forma cíclica e ininterrupta desde 2012, jornalistas são expulsos dos empregos e do mercado de trabalho na área – seja em reduções cirúrgicas de gastos ou em demissões coletivas, conhecidas no jargão de classe como “passaralhos”. O grande êxodo das redações, fenômeno que atinge todo o mundo (REINARDY, 2016) e levou à demissão milhares de profissionais da imprensa no país, é uma das evidências de um setor que tenta se adaptar às transformações do cenário instável da era informacional (CASTELLS, 2011), com alterações profundas na produção e no consumo de notícias. Falências, fusões e enxugamento organizacional se incorporam à rotina da imprensa e mudam as vidas tanto dos que são demitidos quanto dos que continuam em atuação, com insegura e sobrecarga de trabalho. As escolhas da imprensa são mudar ou morrer (TANDOC, 2014), em um processo cada vez mais evidente, para os trabalhadores, de destruição e reconstrução de saberes, práticas e valores de ofício. Apesar de o jornalismo estar em uma espiral da morte (MCCHESNEY, 2016) e seu fenômeno lembrar o desmonte do trabalho bancário (OLTRAMARI, 2010), é irrisória a produção acadêmica brasileira sobre a situação desse contingente ocupacional expulso de sua atividade. Em busca do entendimento dessas mudanças, esta dissertação investiga como a era do downsizing impacta a percepção dos jornalistas em relação a sua profissão, a seu trabalho e a seus planos de continuar na atividade. Para tanto, este estudo qualitativo básico, de natureza exploratória e interpretativa, realizou investigação empírica por meio de três grupos focais (MORGAN, 1996, 1997) na cidade de Porto Alegre. Selecionados por meio da técnica de snowball, foram ouvidos 18 jornalistas que foram vítimas ou sobreviventes da demissão coletiva. Em atenção à necessidade de conciliar informações multiníveis ao estudar ocupações e estruturas de trabalho em conflito (ABBOTT, 1993), são abordados os níveis macrocontextual, do sistema produtivo e do mundo do trabalho na pós-modernidade (FARIA, 2003, 2009; HARVEY, 1998); mesocontextual, da indústria e da profissão jornalística (FONSECA, 2005; MARCONDES FILHO, 2000; NEVEU, 2006; SCHUDSON, 1978; WAISBORD, 2013), e microcontextual, a respeito dos efeito do downsizing sobre os indivíduos (GREENHALGH; ROSENBLATT, 2010; NOER, 2009). Em consonância com a literatura adotada e a análise de conteúdo dos grupos focais (BARDIN, 2011), identificou-se que a vivência do downsizing provoca nos jornalistas a percepção de que as relações de trabalho foram intensificadamente precarizadas; há uma desesperança em relação às organizações empregadoras; tem-se a sensação de destruição e reconstrução de valores e práticas do ofício; e o exercício laboral causa exaustão e insatisfação. O downsizing é percebido como expressão de um declínio organizacional irreversível, no qual a demissão parece ser irremediável. As condições no presente levam os trabalhadores a projetarem o futuro em duas direções: a desistência, a partir da evasão da profissão; e a resistência, por meio da retomada de valores basilares, com a reafirmação da função social e da credibilidade; ou pela adaptação ao mercado em mutação, adquirindo novas qualificações e reinventando como fazer e “vender” o trabalho. |